27
Nov05
MESMO AO PÉ
shark
Foto: sharkinho
Sentado numa rocha diante do mar e do céu de inverno encontro tudo quanto preciso para estar próximo de mim.
É esse o meu ideal de solidão temporária, de momento e de cenário perfeitos para a introspecção.
Nas forças combinadas desses espaços onde a liberdade se anuncia poderosa está a energia que me alimenta. Na parede de rocha que me serve de chão está a solidez que ambiciono, a sensação de terra firme onde assento as certezas e saboreio as emoções.
Estou eu.
Sou eu, ali. Recortado num horizonte feroz, vestido de preto, mal distinto do cinzento em que me quero fundir. Bebendo das ondas que conquistam a terra, aos poucos, em pancadas de fúria que soam como trovões, a determinação e a confiança. Sorvendo das nuvens que conquistam o céu, aos flocos, em mantos de chuva que abafam o sol, a inspiração e a segurança.
Mais a rebeldia inerente e a teimosia latente destas forças da natureza que me falam de mim. Que me ensinam o que falta saber porque me falam ao coração como à cabeça, a amizade e o amor, conjugados numa mensagem de coragem (na vontade) e de comunhão (na pertença). De partilha sem perda da essência que nos faz e nos aproxima, sem perguntas nem explicações. O calor da minha luz no torpor de um dia frio.
Apenas eu. Mais o mar e o céu. E as sensações de arrepio.
Sentado num dia de inverno na orla escarpada da Boca do Inferno.