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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Set08

A POSTA QUE O SENTES COMO EU

shark

O sol a apresentar cumprimentos de despedida e a noite a tomar aos poucos o seu lugar no céu.

O chamamento da madrugada à flor da pele, energia, e nas pequenas faíscas que se desprendem do olhar fixo num ponto de horizonte que se define apenas como longe daqui.
O duche tomado e o charro enrolado a rodar por entre bocas mais viradas para as sonoras gargalhadas que se sucedem a cada pretexto dos que se atropelam quando a única vontade é estar feliz.
O plano delineado, um palpite ou sugestão, e o carro a pedir pressão no pedal do acelerador. Mudança engatada e o tapete vermelho estendido numa estrada aparentemente sem fim.
 
O destino traçado que algures é alterado para uns quilómetros adiante, talvez bem dentro até de um outro país. O mundo pequeno na cabeça que diz não querer parar enquanto a música rasgar com a batida do som à medida da vontade irreprimível de partir.
A loucura, controlada no essencial, libertada ao mais pequeno sinal que pode ser um qualquer estímulo exterior. Uma palavra apenas ou uma declaração de intenções.
O mapa esquecido para trás, drama algum, o palpite (mais um) da maioria que vira à esquerda e logo se vê onde iremos parar.
 
A lado algum, ou a qualquer lugar capaz de acolher a alegria de viver aos saltos na noite felina que nos agita, por dentro, a voz que nos grita usufrui.
A consciência já toldada pela mola acordada do seu torpor, a predisposição para o sexo ou para o amor denunciada no ritmo do corpo que se deixa arrastar pela ondulação de um som espectacular.
Mais uma cerveja a rolar de boca em boca que a garganta não pode ficar seca quando canta as palavras irrequietas de uma rockalhada que incita à revolução interior.
A força redobrada pelo encontro casual com um olhar que desperta o instinto animal, o avanço destemido com o coração acelerado e disponível para uma paixão instantânea que transforma cada momento numa hipotética última vez.
 
O som distante dos baixos lá dentro, de onde a vida se deslocou para o exterior onde a noite estrelada testemunha o amor que se faz no carro, na areia, na relva de uma vivenda desabitada ou onde estiver a dar largas à pele para tocar na química submetida à experimentação da liberdade total.
O primado da emoção desgovernada, à solta pelo espaço amplo que a madrugada constrói na incógnita do que a escuridão relativa dissimula ou oculta. As barreiras tombadas no decorrer de uma luta de beijos e de sensações contra os medos e as hesitações em que quase sempre o impulso primário consegue levar a melhor, vergada a resistência ao apelo selvagem da vontade de viver, espalhadas com as roupas pelo chão à luz dos primeiros raios do sol que espreita por detrás do ponto que a vista consegue alcançar.
 

A vida a namorar as silhuetas dos amantes abraçados que se despedem da noite com um sorriso nos lábios e uma vontade imensa, livre de interrogações castrantes e vãs, de acolher no peito o calor da alvorada de mais um milhão de amanhãs.

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