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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Set08

AS PARASITAS MUTANTES E O IMPLACÁVEL EXTERMINADOR

shark

Há temas que parecem talhados para nos obrigarem a fazer figura de maluquinhos. Sei lá, acreditarmos na vida extraterrestre ou no poder da bruxaria ou no facto de uma virgem poder dar à luz sem qualquer intervenção que não a divina.

São coisas em que acreditamos acima de tudo por uma questão de medo ou pelo poder de sugestão de qualquer tipo de fé.
A fé, de resto, actua quase como um placebo para qualquer tipo de ferida na alma e resulta muito bem para alguns. Outros, mais cépticos, aguardam pelo dia de testemunharem a aparição de uma fulana muito feiosa montada numa vassoura para abandonarem a descrença. E se a fulana tiver antenas e um capacete em vez do chapéu de bico ainda melhor, porque mais abrangente, se torna a reconversão.
 
Isto a propósito da minha panca acerca de uma das criaturas mais inexplicáveis que a natureza (ou o Criador) produziu: a melga.
Dentro dos vários e invariavelmente repelentes insectos voadores, a melga ocupa um lugar de destaque no pódio (bem acima da mosca) dos animais inventados de propósito para adornarem a vida dos humanos com um pequeno toque infernal.
Recuso-me a apurar qual a utilidade de tal bicho, se alguma existir, no contexto da complicada teia de ligações entre as espécies. A melga é a única responsável pela minha progressiva afeição às aranhas e se já se extinguiram tantas formas de vida no planeta e a coisa ainda funciona custa-me a acreditar que o fim do zumbido mais irritante do mundo possa implicar algum dano irreversível no ecossistema global.
 
Sacortox, Raid ou Baygon
 
Mato-as sem apelo nem agravo. Mato todas as que encontro e, na pele de uma daquelas pessoas que numa sala cheia de gente são sempre escolhidas como o alvo preferido para debicar, não me faltam motivos para justificar esta aversão.
Desde muito pequeno aprendi a lição que estes bichos sem nexo insistem em renovar, atacando-me sem cessar nos sítios mais variados e nas épocas do ano mais estapafúrdias.
E é aqui que regresso ao parágrafo de introdução, vão já de seguida perceber porquê.
 
Esta minha relação de ódio com as melgas levou-me bem cedo a estudar-lhes o comportamento e a traçar-lhes um perfil que me permitisse ser mais eficaz na sua detecção e consequente extermínio.
Descobri que praticamente só surgiam no Verão, sobretudo do final da tarde em diante. Igualmente lhes topei a indolência do voo, sendo quase certo que depois de topadas não conseguiam escapar à palmada ou chinelada fatal.
Mas se há coisa que me ficou gravada na memória foi a atracção das melgas pela luz, sendo que passei muitos serões às escuras e iluminado apenas pelo ecrã da televisão precisamente para evitar “chamá-las”.
 
Pois bem, há vários anos consecutivos que mato melgas em Dezembro ou Janeiro (mesmo com temperaturas abaixo do normal para essa época do ano). Não duvidem ou começo a publicar fotos de grandes planos dos cadáveres esborrachados para o provar.
Mas há mais.
As melgas de hoje não ligam pevas à luz, o que se comprova pelo facto de ao contrário do que observei no passado não ser de todo frequente encontrá-las a rondar candeeiros nem tão pouco nos tectos, mas sim rente ao chão onde mais dificilmente conseguimos topá-las. É nos membros inferiores que registo a esmagadora maioria das marcas vitoriosas destas parasitas malvadas.
E da indolência e linearidade do voo das antecessoras pouco ou nada restou. Parecem moscas na mudança de rumo e sobretudo na inesperada rapidez.
 
Mas o pior guardei-o para o fim e é aqui que me junto aos maluquinhos que acima referi. Boa gente: eu acredito que as melgas modernas são o produto de uma evolução exageradamente acelerada por qualquer um dos muitos factores alterados na equação, pela intervenção humana no seu ambiente, e isso traduz-se no facto de não raras vezes eu ter assistido a reacções comportamentais de melgas tão estranhas como a de literalmente se esconderem do seu perseguidor.
Garanto-vos que não estou a brincar nem descuidei a medicação. São anos de perseguição mútua e implacável que me conferem legitimidade para defender todos os pressupostos que aqui levantei.
 
Posto isto, resta-me parafrasear o Marco do Bitaites:
 

Pronto, já apaguei o charro.

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