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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

07
Dez10

A REVOLUÇÃO PRECIPITADA

shark

Basta uma visita à versão portuguesa da coisa para notar a presença do habitual calcanhar de aquiles deste tipo de iniciativas: o avanço para a acção sem estar acabada a construção do que as pode sustentar em termos práticos.

Porém, o rosto de Eric Cantona, futebolista famoso por mais aspectos do que o talento que evidenciou, dá projecção ao movimento de cidadãos que mesmo não alcançando o objectivo principal, o levantamento colectivo e simultâneo de dinheiro dos bancos que em última análise levaria os mesmos à falência imediata, ficará decerto registado como um sinal de alarme para os bancos e outras instituições financeiras relativamente ao que os poderá esperar caso não encontrem rapidamente uma solução para o problema global por si criado. Ou pelo menos permitido com a sua incúria.

 

A reacção do sistema a esta ameaça que o envolvimento de uma figura pública de nível mundial catapultou para a atenção dos media é hostil mas prudente, como se conclui pelo tom dos que já arriscaram dar a cara pelo outro lado da questão. E o simples facto de existir quem sinta a necessidade de reagir, naturalmente para tentar descredibilizar e esvaziar de sentido, é uma prova concludente de como Cantona meteu o dedo na ferida e de como o sistema seria de facto atingido onde mais lhe dói se um movimento desta natureza obtiver algum dia o sucesso no recrutamento de militantes para a causa. E se esta parece inquestionável na essência e na motivação, peca pela precipitação dos seus mentores no toque a reunir, quando muita gente não faz a mínima ideia do que se trata e não foram acautelados pela organização os mecanismos de mobilização efectiva de um grupo numeroso o bastante para fazer a mossa necessária.

 

Claro que neste caso, mais do que noutros, o tempo é mesmo dinheiro e as coisas estão a atingir um ponto insustentável a partir do qual será difícil se não impossível ao cidadão comum agir na defesa dos seus interesses, quer de forma individual quer a partir deste ou de outros movimentos colectivos.

Contudo, quem já percebeu o potencial da internet em termos de divulgação das mais variadas causas ainda não aprendeu com os flops do passado a lição de que as pessoas não agem por impulso quando não possuem informação suficiente acerca dos riscos a correr. No caso concreto, a iniciativa a que Cantona dá rosto envolve o colapso potencial do que ainda resta do sistema financeiro que faz girar o mundo.

 

Mas se é fácil aproveitar o crescente desespero que se apodera de boa parte da população, nomeadamente a classe média que tem a faca e o queijo na mão para aproveitar a vulnerabilidade do sistema, essa facilidade aparente esvai-se quando os promotores das iniciativas relegam para segundo plano a apresentação e sustentação teórica das indispensáveis alternativas.

15
Out09

BLOG ACTION DAY (2) - O DESMANCHA PRAZERES

shark

Sempre que topo um caramelo qualquer a defender os mais estapafúrdios desmentidos quanto à evidência das alterações climáticas, nomeadamente naquilo que lhes dá origem, desconfio logo de que se trata de um funcionário de uma petrolífera qualquer.

Claro que isto não passa de uma teoria da conspiração, qualquer pessoa pode ser simplesmente parva e não ter qualquer interesse imediato a defender que lhe justifique a parvoeira.

 

Não faltam estudos científicos e alegadamente rigorosos acerca do assunto.

Está bem de ver que por cada comprovação do óbvio, o clima está todo baralhado e o mundo começa a receber a factura dos excessos humanos sob a forma de catástrofes naturais frequentes e em boa medida surpreendentes, surge do ar um outro estudo científico e não menos rigoroso que tenta desmentir o que os olhos vêem e o corpo confirma.

Um exemplo flagrante é a manipulação da estatística em função da perspectiva que se quer defender. Uns avançam com o aumento da temperatura nas últimas décadas, logo aparecem outros a referir como a coisa, se vista em termos de séculos, até nem é assim tão foleira.

E andamos nisto, num estranho jogo do empurra que desacredita qualquer esforço sério para meter juizo nas cabeças dos que insistem em estarem-se nas tintas para o problema que, na cabeça de cretinos, é dos outros porque só irá acontecer amanhã ou depois.

 

Mas não. Já está a acontecer e dá nas vistas ao ponto de permitir que um leigo como eu apelide de estúpidos ou vendidos os cientistas que empenham a sua credibilidade no jogo das indústrias poluidoras a quem nada interessa uma preocupação ambiental digna desse nome.

Nem vale a pena chover no molhado, que para isso já bastam as cheias a toda a hora: o planeta está em agonia e se a opinião pública não pressiona os diversos poderes para pôr cobro às negligências imperdoáveis em face do que está em causa, a par com uma mudança de atitude radical, ainda vamos ser todos vivos para assistir ao pior que está para vir e percebermos o terrível legado que deixaremos às gerações futuras.

É um facto indesmentível e não entendo como podem pessoas ditas inteligentes preocupar-se mais em desmentir as causas do que em contrariar os efeitos.

 

Claro que é preciso identificar com clareza quais os responsáveis pela quota humana no processo que se desencadeou, no sentido de lhes impor o bom senso por via legislativa ou pior (resultou relativamente à camada de ozono, lembram-se?), mas acima de tudo é preciso reconhecer que o problema não é uma falsa questão e o Pólo Norte está lá para berrar o efeito estufa que nos vai cozinhar em lume brando para depois congelar o que resta para análise futura (e extraterrestre, por este andar...).

Sim, é uma maçada ter que olhar de esguelha para o precioso automóvel que tanto custou a pagar e vê-lo como um monstro poluente que deveria ficar mais vezes parado à porta de casa. E sim, é uma chatice a pessoa ter que separar o lixo por categorias e viabilizar a reciclagem. Mas isso é mesmo o mínimo que se pode exigir a quem não ande pela vida com base na política da terra queimada e quem vier depois que se dane.

 

E claro que é muito mais agradável ler de forma despreocupada uma posta acerca da malvada da Maitê Proença ou uma galhofa porreira para a malta se entreter.

Mas em face do que está em causa, tenho que me disponibilizar para vos desmanchar esse prazer...

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