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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

16
Nov16

Ilha deserta

shark

Cada quebra de confiança acrescenta uma etapa numa forma de tristeza permanente que conduz, inexoravelmente, ao degredo voluntário na segurança que só se sente garantida pelo refúgio na solidão.

27
Out16

A posta na carapuça

shark

Apesar de não ser dos mais antigos nisto das redes sociais, nunca o sou em coisa alguma, já possuo alguns cabelos brancos virtuais. Daí, os acontecimentos vão-se sucedendo, tal e qual a vida lá fora, e uma pessoa vai percebendo aqui e além as manhas, os padrões de funcionamento da coisa. Até ao ponto de quase se sentir em casa, ou no café com a malta, nesta ou naquela plataforma de convívio e comunicação.

De resto, em boa medida as redes sociais parecem espaços públicos como as esplanadas e até importamos algumas das regras de comportamento analógicas nesses meios. Algumas, não todas. A sensação de impunidade de que se queixam os caretas amuados por terem sido alvo da crueldade virtual, com cada um/a a fazer o que lhe dá na bolha mesmo sendo óbvio que o não faria sem a protecção de um monitor ou de um touch screen, espelha-se de diversas formas e acaba por denunciar as falhas de carácter de quem as maquilha nas redes.

É por demais evidente que, ao contrário do que dá jeito divulgar por parte dos/as artistas que se pintam fabulosos, as boas maneiras são uma característica inata da pessoa e transportam-se para qualquer meio de comunicação que, por ser virtual, continua a ser feito por pessoas e estas não passam a máquinas por falarem via teclado.

Ou seja, as redes apenas reflectem a verdadeira essência de quem as frequenta, desmascaram sonsos e/ou imbecis com ainda maior limpeza do que se consegue na tal mesa de café na qual, reprimidos/as pela presença física dos interlocutores, disfarçam melhor a natureza que online descuidam com base no falso pressuposto de impunidade acima mencionado.

Alguém incapaz de superar a sua futilidade lá fora arrasta consigo essa característica, porquanto se esforce por se pintar pessoa complexa e bem estruturada. Da mesma forma, quem não seja capaz de sentir emoções sérias ou respeitar ligações fortes e/ou duradouras na rua jamais conseguirá o contrário na net. Mais cedo ou mais tarde, aquilo que somos é aquilo que exibimos e nem sempre o boneco nos apanha no ângulo mais favorável.

É um facto que só se ilude (ou deixa iludir) quem quer. Os sinais estão todos lá para quem escrutinar os outros como o faz na vida real (a outra presume-se fictícia, dá mais jeito às diversas espécies de acrobatas da personalidade). De surpresa, como em qualquer situação ou lugar, só é apanhado quem prefere não reparar nos pormenores nos quais o diabo se esconde.

E é por isso que nunca me sinto surpreendido quando alguém, por medo, por vergonha, por desgosto ou simplesmente por falta de consideração pelos outros, abandona uma rede social ao fim de anos, sem uma explicação e, na maioria dos casos, sem rasto que impeça esse desaparecimento de se tornar total e definitivo.

É que, no fundo, na vida vivida fora das redes são ainda mais as pessoas malcriadas. E também abundam cobardes e desertores/as.

05
Jun15

A posta no saber de experiência feito

shark

Ao longo da vida aprendemos, entre outras informações inúteis, que é possível existirem crápulas com bom fundo. Claro que é bem fundo e coberto pelo lodo resultante da acumulação, permanente, de uma forma ignóbil de estar na vida. Mas é bom. Enfim, suficiente para distinguir os crápulas num espectro que vai desde o imbecil incapaz de discernir o bem do mal ao maquiavélico capaz de dar cabo da vida de alguém só porque sim.

 

Conheci imensos crápulas ao longo do caminho e nem posso certificar-me alheio a esta camada cada vez mais numerosa de uma população desprovida de valores que a protejam do abastardar do comportamento.

Partindo do pressuposto de que ninguém é absolutamente mau, podemos quase desculpar os momentos menos bons de alguém caracterizando-os como excepções.

Mas não são. O crápula típico reincide, por muitas velhinhas que ajude a atravessarem estradas para gáudio dos mirones que lhe possam atestar a bonomia. Ser crápula pode ser fruto das circunstâncias, mas na maioria dos casos é mesmo uma característica da pessoa e impossível de controlar.

 

Um dos mecanismos de defesa de um/a crápula é o branqueamento artificial do seu carácter, estendido depois às suas acções. Sim, a pessoa acha-se sempre intrinsecamente boa e consegue invariavelmente colorir os actos e palavras mais ignóbeis com o manto piedoso da mentira, do encobrimento e da distorção. O crápula molda a realidade aos seus olhos porque é também demasiado cobarde para se assumir na condição.

E claro, as vítimas das suas indignidades são sempre pessoas más. É fundamental para o crápula comum posicionar-se do lado certo, o do bem, na sua mente incapaz de processar verdades incómodas. Ou pessoas melhores.

 

Conversa de merda sem aditivos

 

A única medida de protecção cem por cento eficaz contra um/a crápula é a distância (leia-se saída abrupta e definitiva da vida dessa pessoa), pelo que o maior terror de quem rodeia essa gente é ficar sua refém. Um crápula em condições nunca desperdiça um bom flanco desguarnecido para exercer a sua arte.

Em desespero de causa, muitos alvos dos crápulas optam pela aprendizagem da coisa para eventualmente combaterem o filho da puta com filho da puta e meio. Mas isso é como alimentar uma discussão idiota com uma pessoa burra: esta última arrasta-nos para o seu palco natural e não tardamos a sentir crescerem-nos as orelhas.

 

Por isso os entendidos na matéria recomendam, no lidar com o crápula mais comum – a pessoa apenas estúpida demais para perceber o que se passa à sua volta - o desprezo, puro e simples. Nada pior para um/a crápula do que ver-se desprovido de atenção para com as suas exibições de brilhantismo mesquinho, de poder oportunista ou apenas de apelo interior para a má onda. Só mesmo a ausência de relevância desarma o crápula pela escassez de motivação. O crápula gosta que lhe dêem luta, não é um necrófago.

E aprecia imenso que lhe dêem conversa, para recolher dados que possam conferir mais tarde realismo às suas elaborações mentais tão difíceis de defecar pelo exagero de esterco acumulado nas suas presunções.

 

O único combustível para a locomoção das ideias e das iniciativas de um/a crápula é a conversa de merda que alguém lhe alimentar.

E mesmo um crápula acaba por tornar-se inofensivo quando a conversa com as paredes lhe acarreta a tomada de consciência da sua estupidez e da dimensão do seu equívoco e consequente solidão.

 

Quando a soma dos vários desprezos lhe matam a má onda pela subnutrição.

11
Abr15

Da cobardia e outros pretextos da treta

shark

Existem situações criadas por terceiros que me fazem hesitar entre o reconhecimento de uma limitação conjuntural (a cobardia que se sobrepõe ao paleio, por exemplo) e o diagnóstico leigo mas perfeitamente justificado de alguma forma de perturbação mental.

Das poucas pessoas que permitimos próximas esperamos, em condições normais, uma atitude inspiradora de confiança, que transmita a segurança que só os mais chegados nos podem garantir. E isto aplica-se qualquer que seja a natureza do vínculo estabelecido.

É precisamente esse detalhe no estatuto das pessoas (ditas) próximas que nos apanha sempre de surpresa quando é desmentido: se dos “de fora” esperamos tudo, dos “nossos” sabemos com o que contamos. E qualquer falha grave nesse pressuposto é quase sempre entendida como nada menos do que uma traição.

 

Para garantirmos alguma estabilidade emocional e até a valiosa sanidade mental tão ameaçada por hordas de gente chanfrada, se queremos de facto poder contar com alguém, há dois tipos de pessoa que devemos manter à distância: os cobardes, porque desertam; os malucos, porque são imprevisíveis. Pior de tudo, o misto destas duas categorias que garante, ao virar da esquina, uma reacção cobarde, deselegante e por isso hostil e, por via da loucura implícita, quando uma pessoa menos a espera.

 

É difícil identificar um/a cobarde, pois são sempre muito dados a pintarem-se capazes deste mundo e do outro e só se desmascaram quando confrontados/as com uma dificuldade ou um aumento da pressão.

Porém, uma pessoa desequilibrada acaba sempre por dar eco das suas perturbações. Aí o nosso mal está em acharmos sempre que a ligação alegadamente próxima nos permite dar a volta ao problema. Pois, tem um discurso incoerente com a acção e parece andar ao sabor do vento. Mas como gosto muito da pessoa vou ignorar esse sinal de demência e acreditar que a pessoa não negligencia a medicação. Erro crasso.

 

A pessoa que não joga com a equipa toda não controla as emoções, da mesma forma que não tem mão sobre os instintos e os raciocínios. É capaz do melhor e, cedo ou tarde, do muito pior. Se ainda por cima é cobarde, é garantido que à primeira contrariedade se esgueira para debaixo de uma pedra qualquer no sentido de escapar ao excesso de pressão. É esse o apelo natural num/a cobarde, o da deserção. E fazem-no sempre à bruta, de surpresa, de uma forma invariavelmente deselegante e estapafúrdia.

 

Ao longo de quase cinquenta anos de vida, várias pessoas com o perfil e os actos acima descritos cruzaram o meu caminho e, sem excepção, traíram-me no que mais valorizo: a confiança nas poucas pessoas em quem a deposito. E quase sempre associaram, na deselegância da sua fuga mal justificada, a absoluta falta de respeito pelo tal estatuto de pessoa próxima que, posso afiançar, não garante coisa alguma em matéria de certezas.

 

Garante, isso sim, a combinação perfeita para que nunca mais queiramos ver essas pessoas pela frente enquanto ficamos, desilusão somada, entretidos a cicatrizar aquilo que nos deixaram nas costas.

20
Out13

Eu também gosto de dar os meus bitaites

shark

"Acreditem, o blogue só tenderá a melhorar porque estaremos mais focados no que realmente interessa: publicar conteúdo."


Já lá vão 3 semanas desde que o Bitaites, o meu blogue de eleição, não publica conteúdo algum. E entretanto, com razões plausíveis na perspectiva e circunstâncias dos autores, o blogue deixou de ter caixas de comentários (o trecho acima é parte da respectiva justificação).


Temo o fim da Blogosfera às prestações. O exemplo acima só contribui para cimentar esse meu receio.

17
Fev12

A POSTA QUE A SORTE É DALTÓNICA

shark

A nostalgia pode muito bem estar a tomar conta da ocorrência, mas eu gostava imenso daquela cena dos furos em que a escolha do furo certo podia implicar a libertação de uma bolinha com a cor certa, a da tablete colossal como parecia a quem não a podia comprar de outra forma. Claro que a bolinha prateada era agulha num palheiro de bolas verdes ou de outras, azaradas, que só nos permitiam um prémio de consolação doce que não bastava para compensar o amargo de boca no olhar para aquela que parecia sempre destinada a sair aos outros.

E claro que na essência as máquinas modernas que não se furam mas gira-se a manivela para sair sempre uma bola de plástico com um papel da cor dos chocolates mais farsolas do mostruário tentador são diferentes mas o resultado final acaba por ser o mesmo, a fava multiplicada por cem e o brinde a sério reservado, às tantas, para outro azarado convicto que nesse dia entende baralhar a sua estatística pessoal.

 

Eu preferia as caixas dos furos, confesso. Logo à partida porque inspiravam um ritual de conexão entre fornecedor e cliente, um momento mágico que nascia da cautela do dono da taberna ou do café para impedir que os mais atrevidos furassem mais do que pagavam a ver se no meio da confusão podiam reclamar a mais favorável das bolinhas às cores saídas mas parecia brotar daquela ligação imediata entre o furador esperançado e o  comerciante que tomava partidos e torcia, porque lhe era igual ao litro.

É pá, calhou-te outra vez um rebuçado! Ainda há bocado veio a chata da Ernestina e tirou uma Comacompão…

Logo essa, a minha preferida e que se esteve alguma vez próxima de um pão foi de passagem para o seu destino solitário no meu interior. Aquilo doía fundo, mas uma pessoa acreditava-se capaz de vencer as ernestinas do mundo inteiro na próxima, naquele furo de sorte que um dia, pela insistência, haveria de acontecer.

 

As novas máquinas automáticas não permitem a batota e retiram à coisa uma parte da sua mística, pois o dono não precisa de controlar a situação excepto quando a moeda encrava.

Mas o dono da papelaria, mesmo com a atenção repartida pelos apostadores do euromilhões a quem ia registando as fezadas, arranjava sempre um instante para o esgar de contrariedade por ter calhado outra vez um chocolate minúsculo de entre os Milka gigantescos reservados para os mais felizardos na escolha feita pela máquina (outra das perdas que o progresso implicou).

E às vezes até contava a história da senhora do cinco rés-do-chão que tinha tirado um chocolatão que os nossos olhos nunca viam sair a alguém.

 

O senhor da papelaria, marido, pai e avô, tentava à sua maneira recriar o tal ritual do tempo jurássico das caixas dos furos, parecia um tipo porreiro.

E tenho a certeza de que hoje iria torcer o nariz quando lesse na sua banca a notícia do homem, marido, pai e avô que ontem apareceu morto na Bobadela junto à linha do comboio, por entre o seu olhar de esguelha para o tom do papel calhado em sorte a alguém.

 

Mas foi mesmo ele a quem saiu desta vez a pior cor.

03
Abr11

PARABÉNS FCP!

shark

No final do jogo entre o Benfica e o Porto no qual a equipa da Invicta deixou bem claro qual é a melhor equipa portuguesa nesta época desportiva e quando os portistas festejavam um título bem merecido dizem que foram apagadas as luzes do estádio e ligados os aspersores de rega do relvado.

Sou benfiquista e, para o bem e para o mal, assim morrerei. De pouco interessa quantas derrotas a equipa sofrer.

Porém, jamais poderei subscrever atitudes imbecis, mesmo justificadas como retaliação, quando está em causa o fairplay que o futebol deve fomentar, a segurança dos presentes no interior do estádio e a mensagem transmitida aos que apenas precisam de pretextos para desencadearem a violência gratuita que espanca o próprio futebol e torna ainda mais indigna e dolorosa a derrota sofrida.

 

Porque a transforma numa completa humilhação.

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