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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

16
Mai08

FORA DE SERVIÇO (Out of Order)

shark

 

Às tantas já rezava para que não lhe retirassem da boca a cavilha de uma granada feita de palavras prontas a explodir.
O olhar parecia suplicar clemência enquanto perdia a paciência por detrás, onde se distinguia com clareza o dedo no gatilho e a alma prestes a disparar.
Entretanto a face ia mudando de cor pelo esforço da mente em controlar o inconsciente dentro de si que já partia toda a louça interior, escaqueirada pela demência que lhe berrava a imprudência que tentava por fora evitar.
 
Nuvens cinzentas pairavam como abutres sobre a cabeça da tempestade em formação no vórtice do furacão que a revolta soprava, endiabrada, das entranhas daquela figura de pessoa encurralada no canto de uma jaula, animal ferido, tão imaginária como a revolução que acontecia descontrolada mas ainda longe da vista do poder.
A bronca quase a acontecer, presa apenas por arames que o gume afiado das provocações enfraquecia enquanto o seu rosto se contraía nas expressões visíveis de tudo daquilo que já mal conseguia conter.
 
A contagem decrescente a acontecer imparável numa avalancha de números que se sobrepunham ao tiquetaque do relógio, rastilho curto, instalado junto ao detonador e o punho cerrado cada vez mais à mercê da pressão que anunciava o pior. Menos tempo para o fatídico momento, o ponto de viragem da situação em seu desabono.
Era cão que não conhecia o dono, fauces escancaradas para a ameaça cuja essência se preparava para assumir. Enervado, saturado, incapaz de reagir com a ponderação que lhe exigia o bom senso arrasado pela insensatez do oponente que assim corporizava todos os males do mundo de que se queixava até chegar ao momento fatal.
 
Ninguém contava com aquela reacção. A fúria de um leão aterrada de repente no meio de uma sala cheia de gente incauta o bastante para empurrar a fera para um beco sem saída, armadilha, de onde afinal apenas ele acabaria por sair, a correr, para jamais alguém o encontrar, enlouquecido algures, perdido no mundo, dentro de um poço sem fundo, paralisado por uma camisa de forças virtual.

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