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Jun07
SEXTO SENTIDO
shark
Foto/Imagem: Shark
Desenhar um corpo com o olhar, contornos percorridos aos poucos para forçar na memória os traços permanentes de tão magnífica visão.
Moldar um corpo com as mãos, a carne pressionada pelos dedos que a agarram como um náufrago abraça uma tábua de salvação e depois passeiam, em dedinhos de lã, pela linha costeira da beleza traseira que se arrepia como se beijada por uma brisa fresca no final de uma tarde de Verão.
Aspirar um corpo com o olfacto, a variedade de fragrâncias que se espalham no acto de libertação de uma pele dos trapos que a impedem de respirar. Essência de desejo num perfume intenso de mulher.
Saborear um corpo com a língua, a pele macia em emissão contínua nos transmissores que enviam à mente e seus sensores as ondas de choque variáveis, pois nos pontos mais sensíveis cada toque desperta no corpo a energia contida de duas placas continentais.
Ouvir um corpo gritar ainda mais o prazer na voz alterada de uma mulher quando nela se produz algo parecido a uma explosão interior. O som de quem faz o amor mais ardente a um ritmo alucinante e se entrega por inteiro a um momento irrepetível na pauta das emoções.
Amar um corpo com o coração e estimular-lhe a tesão mais completa na humidade espontânea de uma mente erecta pela paixão que o romance atiça.
No fogo que se espreguiça pelo olhar até o vento soprar de uma boca que beija aquele corpo que deseja deixar-se consumir pelas chamas crepitantes, o cheiro a queimado dos amantes no lençol encharcado pelo rescaldo que o reacendimento implicou.
E mesmo assim não se apagou.