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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Mar07

A POSTA AO ALMOÇO

shark
um tasco muito baril.JPG
Foto: Shark

Almoço quase todos os dias num daqueles sítios que o progresso quase exterminou. Um espaço cheio de cromos, gente a sério que (alguns há vinte anos) abanca por ali.
É uma sorte poder almoçar num espaço assim. Sem truques, sem tretas, sem outra coisa para oferecer que não o prazer de comer tão bem ou melhor do que em casa.

Queres mais batatas?
E um gajo diz que sim se lhe faltam ou recusa na boa, tal como aceita sem protesto aquilo que o “patrão” entenda servir-lhe nesse dia.
Hoje há dieta!
E lá aterra na mesa uma travessa king size com um generoso cozido à portuguesa.
Isto tá fraco. Levas com os nitrofuranos.
E o frango na grelha é prato do dia porque na lota a Maria não tinha peixe como deve ser.

O bacalhau à segunda, pela praça fechada. E os vinhos escolhidos a dedo pelo anfitrião que gosta de impressionar. Os queijos de fabrico caseiro, a fruta de encher o olho, a arte na grelha com décadas de refinação.
O respeito quase septuagenário pela tradição, contra todos e contra tudo o que ameaça fechar-lhe a porta. As normas que lhe estrangulam o escasso futuro que ele se esmifra todo para prolongar.
Milho aos pombos é que não!

Um tasco clandestino, na verdade uma cantina. Sempre os mesmos de ontem nas poucas mesas ocupadas amanhã. Sempre o futebol, clientela masculina, mais os escândalos do dia que a televisão anuncia nos poucos momentos em que alguém lhe presta atenção.
Os miminhos do patrão e mais ainda de quem o ajuda, de borla.
Os dramas do dia-a-dia de pessoas como qualquer um de nós. Sem papas na língua que as zangas resolvem-se com dois dedos de conversação. Não há segredos na comunhão de um ritual que é confissão por inerência, no corte da casaca cheio de boas intenções aproveitando uma ausência pontual.

O café de encerramento, um lote especial. Dois dedos de conversa, a notícia que interessa acerca dos dias que a vila viveu, actualizada a informação e complementada a conclusão que se depreende das expressões ou dos tons.

A conta e até amanhã, se a norma e a normalização não empurrarem o patrão para um final abrupto da carreira na qual toda a sua vida investiu.

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