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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

01
Fev07

PONTO DE INTERROGAÇÃO

shark
O destino ou o acaso, ou aquilo que preferirem chamar às linhas que nos conduzem pela vida fora ao sabor de correntes que não podemos controlar, não cessa de me surpreender com as suas artimanhas.
E é chocante perceber o quanto do que se faz, do que se vive, acaba por ser determinado pelo impulso desses "cordelinhos" invisíveis que nos agitam de forma involuntária em função das escolhas que podemos fazer perante as circunstâncias que se apresentam.

Não existem dados adquiridos e os planos que se fazem não passam de tentativas ilusórias de orientação no meio das realidades aleatórias que somos forçados a abraçar. Nem a própria vida é garantida por mais do que alguns instantes que são aqueles que nos separam da coincidência inesperada ou da decisão menos acertada que nos conduz a uma sorte do caraças ou ao azar terminal. Talvez amanhã possamos respirar. Ou apenas executar as tarefas mais simples do nosso quotidiano, livres de uma daquelas doenças súbitas que nos deixam incapazes ou mesmo vegetais, ou de um acidente impensável e absurdo.

Ou talvez acertemos no euromilhões, ou encontremos o amor da nossa vida e ela nos transporte de repente para uma nova dimensão. Como um cruzamento imprevisto no meio da estrada sempre a direito a que nos habituámos e agora nos obriga a decidir para onde virar. Ou nos empurra sem opções para a mudança de direcção.
Um piano de cauda na mona ou uma varinha de condão. Plim. Tudo diferente daquilo que ainda há pouco parecia eternamente igual, imutável.
Tudo no prato de uma balança precária na qual depositamos (falsas) expectativas para a vida depois nos pesar com outro fiel.

E aquele que era o nosso papel desaparece no meio do fumo, assumimos outro rumo. Cada qual com as suas certezas indispensáveis para evitar a desorientação, as lágrimas que humedecem os mesmos lábios que sorriram, as palavras felizes nas bocas que gritaram o desespero, os aplausos na plateia que antes nos vaiou.
O tempo que passou, diferente do tempo que virá. A nossa fé contrariada, desilusão, ou mesmo acrescentada por factores que a consolidam, o vento a soprar do lado certo e a enfunar os sonhos no sentido que ambicionámos, concretização. E nem aí podemos respirar aliviados, a incerteza que nos impede de acreditar piamente que amanhã teremos de novo a alegria estampada no rosto e tudo o que amamos não nos escapará por entre os dedos no preciso momento em que o contemplamos tangível na palma das mãos.

A vontade irreprimível, necessária, de usufruir agora. O instinto que nos cega, dizemos, quando afinal até zela por nós na sua forma peculiar de sempre nos baralhar contrariando o esforço racional mais aquilo que ouvimos dizer que não se deve fazer, pecado ou proibição.

Os dados que não lançamos e os caminhos que trilhamos a partir de mapas provisórios onde as estradas se deslocam e nós não passamos de um ponto fixo que se movimenta em exclusivo no domínio da ilusão.

A vida no seu melhor. Um ponto de interrogação.

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