09
Jan07
AO LONGE, AS PALAVRAS DO FIM
shark
Vozes que gritam ao longe uma tristeza que não consigo distinguir, as palavras. Não consigo ouvir com a nitidez que a visão alcança, os contornos. Nem sinto em mim a emoção negativa, fora do corpo, dentro de um pote de barro lacrado à espera em vão da carícia de uma mão que o abra e deixe escapar uma parte, cansada, daquela alma que grita penada em coro com a memória de corpos que se deixaram morrer.
Ecos de uma sentença, que pena, aplicada terrena e poupada no céu. Amanhã. Ou depois.
Som do vento que lambe o deserto e agita a areia num falso movimento que não é o seu. Faz de conta que vivem os grãos na ampulheta colossal onde o tempo já quase parou, ninguém para a virar e o vento a soprar zombeteiro a sua solidão gritada pelas vozes que não consigo distinguir.
As palavras.
E eu não as posso acudir.
Ecos de uma sentença, que pena, aplicada terrena e poupada no céu. Amanhã. Ou depois.
Som do vento que lambe o deserto e agita a areia num falso movimento que não é o seu. Faz de conta que vivem os grãos na ampulheta colossal onde o tempo já quase parou, ninguém para a virar e o vento a soprar zombeteiro a sua solidão gritada pelas vozes que não consigo distinguir.
As palavras.
E eu não as posso acudir.