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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

23
Mar05

LUA NOVA

shark
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Se alguém me dissesse há vinte anos atrás “vais ver que é bestial ser quarentão”, desatava a rir e retorquia com um “pois, está bem...”. E essa postura arrogante de quem se imagina fresco e jovem para toda a vida, o que mais tarde os factos desmentem, é uma das explicações possíveis para esta sede de viver que faz toda a diferença.
Essa diferença faz-se sentir em todos os domínios da minha existência. Amo mais tudo o que de bom a vida tem para me oferecer.

Ter quarenta anos implica termos chegado ao ponto de que falávamos quando eram óbvias algumas limitações, ao nível da maturidade e da experiência de vida e noutros aspectos que dependiam da condição económica e social de cada um. Com o corpo a reagir melhor aos estímulos e a mente menos condicionada por várias pressões, uma conjugação poderosa, a vida adquire um novo e fascinante significado. Até porque a noção da passagem do tempo, mais presente, obriga-nos a encarar de outra forma as oportunidades que nos surgem ao longo do caminho. Mais do que importantes são valiosas, pois o ritmo acelerado que o dia a dia impõe e as cicatrizes de algumas mazelas que limitam, ou mesmo inviabilizam, o pleno usufruto das coisas boas da vida tornam uma pessoa mais atenta e disponível quando essa hipótese rara se concretiza. Ou deviam tornar.

Este tipo de discurso, embora vindo de quem vem, não implica o elogio incondicional da dinâmica “bute lá”. Por boas oportunidades entendo as que encaixem no perfil de cada um de nós, em cada sensibilidade e vocação, e não me refiro a nenhuma área específica. Por outras palavras, não é só de sexo que estou a falar. Mas também. E o sexo é muito melhor aos quarenta. Da fase do “provar algo a alguém (ou a nós próprios)” à do “provar algo de alguém (e a recíproca é verdadeira)” vai uma distância considerável. E esta última não invalida a primeira. O corpo reage como há vinte anos atrás no entusiasmo e acrescenta os estímulos e as sensações de quem sabe o que procura e como o alcançar. Faz todo o sentido para mim e transmite-me a confiança necessária para que tudo corra pelo melhor.

Mas também o amor tem maior potencial nesta fase da vida. É possível desenvolver uma paixão adolescente, arrebatada, mas que hoje conseguimos controlar nas proporções com a ajuda das referências que coleccionámos e das condicionantes que enfrentamos. Sem perdermos o norte às nossas prioridades e contudo, entregues de corpo e alma ao enlevo por outra pessoa. De uma forma serena ou mesmo pueril, mas libertos da ansiedade natural dos dias do acne e da precipitação. Enquanto a vida deixar.

E não ficam por aqui as mais valias que descubro a cada dia no meu trajecto rumo ao estatuto de quarentão. Darão talvez origem a outras postas, pois gosto de trocar impressões convosco acerca das coisas que me preocupam ou me seduzem.
Não me espanta por isso que os meus quarentas venham a ser bastante marcados pela blogosfera e pelas pessoas que como eu a fazem.

Partilho convosco estas conclusões para rentabilizar uma das facetas que um blogue nos faculta, dar-me a conhecer a quem me lê, e para proporcionar-vos uma oportunidade de dizerem de vossa justiça e assim percebermos todos um pouco melhor de que massa somos feitos e em que medida ela se aproxima da substância das outras pessoas.
No fundo, um ponto de partida decente para as relações que entre nós se estabeleçam por esta via ou a partir dela. Sejam elas do tipo que forem, independentemente da sua duração.
A amizade e o afecto, tal como os entendo nos dias que correm, encontram-se na blogosfera com a mesma credibilidade e grau de confiança do que numa mesa de café. Apenas, como a Mar muito bem refere na sua posta de dia 17 do corrente, começam ao contrário.
Se calhar como a própria vida deveria começar.

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