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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

08
Mar05

MAPA DA VAGINA II

shark
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Onde fica? Como se chama? Parece-se com o quê? Hoje é dia de quem?

Ainda a propósito de um assunto que está sempre na ordem do dia, julguei oportuno abordá-lo numa posta precisamente porque os indicadores revelam uma grande sede de informação acerca da dita cuja.
E a dita cuja é a vagina. Basta o nome para suscitar de imediato algumas questões que até se podem interligar em teoria com outras que nem parece terem nada a ver. Vagina é a designação correcta, oficial, mas está longe de reunir o consenso generalizado. Aliás, chamam-lhe tudo e mais alguma coisa. Mas nem sempre lhe chamam coisas que goste de ouvir chamar-lhe.

O meu problema reside na obsessão pela elegância, sobretudo quando estão em causa conceitos, realidades tangíveis ou designações relacionadas com os meus interesses mais relevantes. Vagina não é um termo feliz pois soa frio e casual. Como se no dia em que resolveram dar-lhe um nome alguém perguntasse: “Ò pá, o que havemos de chamar a esta coisa?” e alguém respondesse do outro lado da caverna: “Chama-lhe uma merda qualquer. Regina, por exemplo (não seria mal pensado, pela associação a uma marca que já deu cartas e à majestade inerente ao tema fulcral desta prosa).”
E o outro percebia mal e gritava: “Malvina?”. O amigo não respondia e ele apontava o mais parecido com o que ouvira, ao lado do desenho do bisonte que caçara no dia anterior.

Não pode ser assim, quando estamos a falar de coisas de suma importância. Pelo mesmo motivo, não me cai bem ouvir chamar-lhe cona. Não pela palavra em si, mas pela conotação pejorativa que se dá aos palavrões. É um insulto e não custa nada chamar-lhe outra coisa qualquer, mais carinhoso, mais quente, acima de tudo mais digno do alvo da minha atenção nesta posta.

Pessoalmente, gosto do vocábulo passarinha. Quem não gosta de uma passarinha? Inspira-nos logo uma ternura que considero indissociável da mais bela ave da criação. É um bicho fofo e que apetece tratar bem, a passarinha. E está mais de acordo com a filosofia que julgo dever aplicar-se em qualquer acto ou raciocínio a propósito dessa maravilha tão importante que há quem julgue pertinente existir um mapa da sua localização. Ou da sua constituição. Do tipo: “aqui é o clitóris (outra designação estapafúrdia), uma pequena elevação situada no vale entre lábios, uns centímetros abaixo da zona limítrofe inferior do púbis.” E depois vinham as coordenadas, para o estudioso se certificar do acerto das suas medições. E talvez um pequeno resumo da utilidade prática das visitas regulares de exploração topográfica. Facilitava muito a vida ao pessoal e evitavam-se alguns desmazelos e manifestações de ignorância potencialmente embaraçosos e penalizadores para a maioria das pessoas.

Mas voltando à questão da nomenclatura, também não aprecio as expressões que associam a passarinha a grutas, a buracos e a outras realidades frias e escuras que em nada traduzem aquilo de que estamos a falar. É uma perspectiva reducionista e atentatória ao bom gosto, chamar buraco ou algo similar ao ponto mais confortável e acolhedor da anatomia feminina. Buracos há nos campos de golfe e nos queijos suíços em que alguns marmanjos pitosgas deixaram transformar o seu cérebro com as alarvidades corrosivas que os atafulham. Só estes podem confundir coisas tão distintas.

Outra designação com que embirro é pachacha. Não tanto pela sonoridade (que acho divertida), mas por ser das designações preferidas dos labregos que não respeitam a o cariz sagrado de algumas obras-primas da natureza que nos afina e/ou de Deus (que nos terá criado).

O tom com que se fala das coisas também é um aspecto essencial. É diferente, num momento de paixão, alguém dizer “apetece-me tanto beijar a tua pachachinha” ou, pelo contrário, uma besta bujardar um sonoro “comia-te essa pachacha toda”. Mas comia o quê, este troglodita antropófago? Provavelmente comia era um murro na boca suja, havendo um homem em condições na sua periferia. Por isso, não é só o que se chama mas como se chama. Isto é muito importante de destacar, pois uma pessoa pode sempre encontrar quem aprecie alguns excessos verbais em determinadas circunstâncias. Mas lá está: nessas circunstâncias em concreto (e só nessas) até se pode chamar-lhe gaita de beiços. Convém é ter respeitinho (que o corpo dos outros não é para tratar à bruta, mesmo nas palavras), gratidão (ah, pois! Imaginem que nunca tinha havido ou que deixava de haver ou que nenhuma vos tocava), e zelo (se estimam tanto a merda da medalha que ganharam no campeonato de berlinde do bairro, estão sempre a poli-la e a certificar-se que nada lhe falta, acho que não preciso de dizer mais nada, pois não?).

Convém ter em conta isto tudo mais a carga emocional associada. E o facto de por detrás de qualquer passarinha existir sempre um componente ainda mais fundamental da estrutura em causa: um cérebro. Com tudo o que isso implica.

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