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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Jun13

Uma posta do outro mundo

shark

Para quem aprecia as coisas do Cosmos, Ficção Científica e assim, este texto do Marco do Bitaites é para consumir sem pressas como leitura gourmet.

E para quem não aprecia essas maluqueiras recomendo o mesmo texto em matéria de alinhamento das ideias, de encaixe de raciocínios em parágrafos que parecem as prateleiras bem arrumadas que nunca fui capaz de manter.

 

É um show. Dizer menos que isto seria despeito, inveja ou simples falta de sensibilidade para as coisas boas que a vida tem para nos oferecer.

20
Jun13

Charquinho forever!

shark

A alguns já não os via há quase duas décadas, mas a sensação foi a mesma de quando nos encontrávamos, de raspão, nos sítios marados para os quais as noites loucas nos arrastavam. Cresceram comigo, no Bairro que dá nome a este blogue. Estamos diferentes mas sentimos igual. Os abraços que trocamos são fortes, são abraços de quem não consegue disfarçar uma alegria que nos invade quando esbarramos com pessoas que são referências. Anos sem contacto, a vida é mesmo assim, não conseguem apagar emoções tão antigas que remontam à nossa génese como pessoas.

São os primeiros rostos que aprendemos a reconhecer, os primeiros desgostos, as primeiras arrelias, mas também tudo quanto de bom conseguimos lembrar do tempo em que o Charquinho era o nosso berço, a nossa escola de vida, o espaço em que os amigos cresciam connosco e aprendíamos uns com os outros esta difícil arte de saber viver.

 

Encontro-os a cada esquina, sempre que dou um pulo ao nosso Bairro e até calha que eles, desterrados como eu, escolheram o mesmo dia para matar saudades.

 

Sem sucesso, pois essas cabras são eternas. Só connosco morrerão.

08
Jun13

A penas sem perdão

shark

Tenho pena de pessoas inteligentes que em algum ponto do caminho optaram ou foram forçadas a render a consciência perante uma circunstância qualquer.

Lamento acima de tudo a condição dessas pessoas se essa inteligência é aplicada à memória e, pior ainda, sob a bitola da lucidez. Percebo-lhes o desconforto, a permanente inquietação, na forma como partilham sentimentos de admiração (por outras pessoas inteligentes que jamais se permitiram reféns) com um impulso instintivo para a inveja ou mesmo para o desdém.

 

A inteligência permite analisar os actos ou decisões e respectivas consequências sobre os outros e sobre nós próprios. É inevitável, porquanto cruel, que uma pessoa inteligente se veja forçada a contornar a consciência da sua cedência mais ou menos indigna a propósitos e objectivos cuja obtenção depende da violação de princípios universais. A honra, a dignidade, coisas assim. Perdidas para sempre no contexto de uma escolha com a qual terão sempre que viver.

Terão acima de tudo que maquilhar essas vergonhas, essa inevitabilidade de pisar o risco como precisam de a acreditar, com pretextos inventados ou apenas enfatizados que a inteligência se esforça por processar mas sem conseguir que se desmintam os factos na origem. Terão que mentir, ou pelo menos omitir, aos outros como a si mesmos, a parte da realidade que a memória sempre guarda e a lucidez se encarrega de despir diante do que reste de integridade na pessoa inteligente que abdicou de uma parte importante de si.

 

O mundo caminha num sentido mais favorável para estas pessoas de que vos falo, vivemos um primado da futilidade, da estupidificação, do renegar de valores que nos foram incutidos pelas gerações anteriores mas que agora atrapalham o caminho dos que nos vendem como bem sucedidos, como ganhadores.

Contudo, milionários, famosos ou qualquer outro tipo de gente inteligente capaz de se destacar da multidão precisam da felicidade e essa depende sobremaneira da paz interior que, temos pena, não existe quando a inteligência se evade da sua redoma de sorrisos artificiais e a pessoa recorda outros tempos em que se sonhava capaz de chegar lá com base no mérito, no talento, na capacidade que todos precisamos reconhecer nos feitos alcançados e essa não se compadece das subidas a pulso com a ajuda batoteira de um esquema ou de uma jogada oportunista, da corrupção da verdade dos factos com a anestesia de uma bebedeira de poder. Coisas assim.

 

A vaidade parece nunca bastar a essas pessoas inteligentes que simulam a felicidade com uma máscara arrogante de cidadão superior. A vitória da esperteza, da habilidade para a manipulação, da vontade indómita de chegar mais longe sem olhar onde (quem) pisam os pés, nada disso parece lograr, excepto nos mais pobres de espírito, uma substituição lucrativa dos princípios por meios indecentes para se atingir um qualquer fim.

A inteligência, nem que seja a dos outros mais a sua coragem para a denúncia de embustes, de farsas, de desonestidade intelectual, possuem-na também os que se vêem obrigados a defender o impossível, a encobrir num invólucro de fantasia a história de vida cujo julgamento todos fazemos no balanço do que uma existência já se fez. E é nesse esforço que se perdem aquilo a que chamamos de almas, a essência do que somos e a ilusão do que gostaríamos de ser enquanto pessoas.

 

A cedência a tentações ligadas à influência sobre as coisas e sobre os outros, aos jogos de poder egoísta, faz parte do a qualquer preço de que todos ouvimos falar e sabemos de que se trata. Faz parte de uma troca em que muito se ganha mas sempre contrapõe algo a perder e a balança não é imutável, o tal balanço depende muito de como a consciência desperta em função de diversos factores e dos dramas eventualmente associados às acções, as más, que se praticam.

E quando esse momento não ocorre, denunciando uma natureza intrínseca desprovida de escrúpulos, de mecanismos de defesa contra a cegueira na ambição temos pena, mas é imperioso manter essas pessoas, mesmo que inteligentes, tão longe quanto possível dos centros decisores mais determinantes.

 

Acima de tudo de qualquer proximidade com a governação de um país.

01
Jun13

A posta no nacionalismo induzido

shark

Num país em queda livre os paradoxos multiplicam-se e as piruetas nos destinos de quem fica mais à mercê dos humores económicos criam lógicas de raciocínio tão distorcidas ao ponto de se criarem cenários de aparente esquizofrenia colectiva.

Em causa está um ponto de viragem que parece ter apanhado toda a gente com as calças na mão. A crise, como a chamamos, que parece ter-se instalado confortavelmente no ponto mais flat da onda sinusoidal dos ciclos económicos que dantes funcionavam como as montanhas-russas ou como os interruptores, escaqueirou isto tudo e parece eternizar-se em boa medida pelo desacerto dos decisores.

 

É impossível olhar este país no estado em que se encontra e reconhecê-lo nas proezas impensáveis que nos ensinavam nas escolas antes de acontecer Abril. Afonso Henriques demolidor, um condestável que até era santo, uma padeira de Aljubarrota indómita, caravelas de partida para um mundo enorme por descobrir.

Éramos nós, sim. Os garbosos herdeiros do sangue lusitano, a Metrópole de um império colonial, um país pequeno sobrelotado de heróis, de patriotas, de conquistadores. Até tínhamos o Camões, para dar o toque intelectual a uma nação de campónios como a quiseram e fizeram ao longo de 48 anos, mais o orgulho pela Pátria capaz de impressionar-se a si própria na falta de reconhecimento dos que nos olhavam com indisfarçável desdém.

 

Veio Abril e veio a Europa a seguir, na ressaca do lado menos bom de uma liberdade que também serve para desgovernar. Foi uma reviravolta de sonho e de repente já sonhávamos olhar para países como a França ou a Alemanha de igual para igual.

E depois alguém meteu água e começaram a surgir à tona maroscas, disparates, alarvidades inconscientes daqueles a quem entregámos o poder e, pior ainda, daqueles a quem eles o renderam depois.

De repente, o sonho esboroou-se como uma miragem para uma generosa fatia da população.

 

Leve já, a gente empresta, tudo aquilo que pagará bem caro depois

 

É assim que se destrói uma ilusão. Com ela abate-se sobre muitos uma realidade tão crua como a passagem súbita para uma outra dimensão. Avós reformados a sustentarem os netos e os filhos desempregados sem saberem como liquidarem uma catrefada de prestações. Era inimaginável poucos anos atrás, enquanto os mais poderosos desbaratavam milhões em seu benefício num equilibrismo sem rede para as camadas mais desfavorecidas da população, esta inversão dos papéis.

E depois o anúncio mil vezes repetido da iminência de uma catástrofe tão imensa como a falência cujo espectro se instalou sobre todo um país.

 

É complicado lidar com estas quedas abruptas depois de crescermos a ouvir contar as histórias dos nossos avós emigrados ou mesmo dos que por cá ficaram a construir as lendas familiares de self made men. Parecemos tartarugas tombadas de costas, incapazes de reagir à pressão deste fracasso em câmara lenta que vai arrastando aos poucos cada vez mais de nós, pelo efeito dominó de uma conjuntura aziaga amplificada pela ganância de uns poucos e pela inépcia dos líderes que elegemos para a enfrentar.

Parecemos baratas tontas no cimo de um icebergue em pleno hemisfério sul para o qual, surpresa, a Europa antes generosa anfitriã do nosso pequeno mercado nos quer empurrar.

 

Uma soma de traições muito acima das nossas possibilidades

 

Somos nós como o país. Acusados de preguiça, de desleixo, de incapacidade para gerirmos os nossos destinos, de desgoverno, de falta de tudo aquilo que enchia de orgulho patriota a geração que sabia o que a deixavam de um passado sem mácula, historicamente expurgado de tudo quanto o pudesse questionar. Um fracasso, como nos querem pintar, enquanto povo no seio de uma Europa dos ricos e dos louros e dos sempre melhores que todos os outros burros e calões.

É difícil de engolir um rótulo assim, depois de tantos de nós terem investido umas décadas em carreiras ou em negócios que acabaram hipotecados por malabarismos na alta finança que lhes competia também, a esses europeus bem sucedidos à nossa custa, os europeus de segunda com salários de gente inferior, controlar.

 

Assistimos assim ao desfalecimento colectivo de um país com séculos de História, impotente para travar uma decadência provocada a meias por factores tão externos como uma bolha imobiliária e tão internos como o pontapé eleitoral em falso que a maioria deu nuns alegados arrogantes e incompetentes para confiar o poder a uns comprovados incapazes e imbecis.

 

Arriscamos assim o nome gravado nos anais como fazendo parte de um grupo de portugueses de merda que algures num ponto do tempo permitiram que uma conjuntura marada mais a soma resultante de uma caótica conjugação de factores, nomeadamente as motivações interesseiras aquém e além fronteiras, nos arrasasse o que de mais nos pode valer nesta fase para darmos a volta à situação, os meios de produção indispensáveis para a recuperação, quase a partir do zero em caso de desagregação do projecto europeu, da soberania, do controlo efectivo do nosso país.

 

Neste contexto que acima desabafo, sinto-me preparado para enfrentar a saída da moeda única mais o diabo que carregue quem nos deixou atolar assim.

01
Jun13

Noutra cela

shark

Invejam-te, pássaro, pelas asas que te permitem voar. Talvez percebas de vez em quando no seu olhar uma expressão desagradável, um ar desconfortável perante aquilo que, por não terem, entendem de imediato como uma limitação.

Nunca lhes basta a imaginação, constroem equipamentos, procuram argumentos para te poderem imitar.

Como tu, querem voar. E cobiçam-te as asas, inventam anjos que são arquétipos da perfeição que se acreditam capazes de alcançar por mérito próprio, pecadores arrependidos, quando se juntarem a ti no céu de um paraíso de conveniência.

 

Invejam-te, pássaro, pelas asas que simbolizam liberdade e independência. Mas desenham uma realidade opressora, esculpida nos detalhes que são como o avesso das grades de uma prisão interior. Não querem asas sequer no amor que definem e compartimentam em regras desorientadas que entendem como pontos de referência para um modelo universal e obrigatório.

Nunca lhes basta o essencial, concentram-se no acessório, procuram saídas de emergência para o espaço de segurança que precisam acreditar, promessas de pessoas que julgam ser possível moldar personalidades com base nas realidades que impõem aos outros por norma, por regra, por costume e por tradição. E ainda lhe juntam a canga de uma religião castradora, seguem pela vida fora em espasmos de arrependimento ou em convulsões de desentendimento que os perturbam porque os tornam reféns de uma tristeza desnecessária, encarcerados na penitenciária que uma vida de mentira tão bem sabe construir.

 

Invejam-te, pássaro, pelas asas que te garantem poderes partir em qualquer direcção sem barreiras ou limitações, sem amarras nem prisões, para o céu que tanto se esforçam por merecer mesmo que seja para acontecer apenas depois do seu fim.

Como tu, querem voar.

Mas preferem invejar a felicidade que simulas quando cantas, assustado pelo que vês sempre que espreitas para o lado de fora desse cárcere que vês espelhado na expressão vazia, abandonada, dos seus olhares.

Sempre que espreitas para o lado de dentro desses pássaros sem asas, enfiados eles próprios em gaiolas às quais soldam aos poucos as portinholas até não lhes restar qualquer esperança de que alguém um dia as possa abrir.

 

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