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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

24
Mar13

A posta numa alternativa biruta

shark

O porta-voz do PS falou hoje na tv e reafirmou a apresentação de uma moção de censura ao Governo na próxima semana. Por mim, tudo bem.

Contudo, o mesmo porta-voz do PS confirmou o pressuposto de que os socialistas só tencionam chegar ao poder por via eleitoral. Consigo respeitar essa posição, embora me soe estranha no contexto de aflição nacional.

Mas a cereja no topo do bolo, aquele pormenor que há sempre um que me faz perceber que de política não percebo nada, é que o PS justifica a sua moção de censura como uma forma de exigir um governo diferente do actual, presumo que nas pessoas como nas políticas.

Aí eu fico a olhar como o boi para o palácio enquanto rumino a minha incompreensão:

então mas se uma moção de censura visa, para todos os efeitos, derrubar determinado Governo e o PS reclama precisamente um novo Executivo (que só pode, sem eleições, ser de nomeação presidencial e terá que ter em conta a actual composição parlamentar para criar uma base de apoio sólida e que não pode contar com o PS que só quer o poder como resultado eleitoral), então o PS vai apresentar uma moção de censura para pressionar o Cavaco (o Cavaco!!!) e criar as condições para que se possa empossar um novo Governo de Direita constituído por pessoas da confiança do Presidente?”.

23
Mar13

A posta nos mal A(r)mados

shark

É tudo muito bonito quando pensamos a Democracia e a queremos acreditar indestrutível por ser o mais perfeito dos regimes que conhecemos ou experimentámos na pele até à data. Contudo, seja democrático ou ditatorial, qualquer regime só perdura não enquanto tiver o controlo da respectiva população mas sim durante o tempo que durar o seu estado de graça junto das estruturas militares ou militarizadas que o possam assegurar.

 

Quando Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Lourenço e outras figuras de menor destaque mediático ligadas à s hierarquias militares engrossam o discurso e agitam o papão do golpe militar, da tomada do poder à bruta, a maioria das reacções são de escárnio perante as pessoas e suas aptidões e não de análise acerca das respectivas motivações.

Os militares fizeram o 25 de Abril de 1974 ou ainda estaríamos hoje, povo de indecisos, a ponderar essa opção para derrubar um regime caduco qualquer.

Sim, havia uma resistência, uma minoria de antifascistas que se submetia à clandestinidade, ao exílio, à tortura ou apenas à indiferença dos seus pares num poder nada democrático que lhes dava voz apenas por comiseração ou por dar jeito um grupelho dissonante para transmitir uma fragrância de liberdade ideológica e de expressão.

Contudo, a maioria silenciosa, o rebanho, aturava como uma lei fundamental todos os abusos que o formato do Estado Novo fomentava com a imposição de uma estrutura assente em hierarquias sociais bem definidas, a um esquema quase feudal de gestão de um colectivo feito de indivíduos dependentes da sorte ou do azar no berço e, acima de tudo, da sua habilidade para se tornarem úteis à implementação de um qualquer modelo de autoridade que pudesse beneficiá-los e/ou aos seus.

 

Agora passo à parte da definição de prioridades de um novo rebanho, mais instruído mas nem por isso necessariamente mais esperto ou mais capaz de distinguir o certo e o errado, aquele que passa ao lado de episódios como o que motiva esta posta.

Um tenente do Exército Português foi detido por ter levado ao Laboratório Militar, para análise, uma amostra de comida estragada que alguns soldados se recusaram comer. Podem ler os detalhes aqui.

A decisão do Tribunal Administrativo que confirmou o acerto de tal punição assenta na pretensa deslealdade do tenente Gonçalo Corceiro perante os seus superiores.

Tomou a atitude certa mas não respeitou os códigos internos, a hierarquia, as regras que no entender daquele tribunal prevalecem sobre a constatação pura e simples dos factos: o tenente fez aquilo que tinha que ser feito, algo que a lógica diz dever prevalecer sobre quaisquer imposições de feudos mais ou menos institucionais e quem aplica as leis entendeu sobrepor a isso a violação dos tais preceituados militares.

O rebanho, tão lesto a peticionar contra a liberdade de expressão ou o abate de animais assassinos, nem reparou.

 

Se no parágrafo inicial fiz alusão ao mal-estar de que alguns militares vão sendo porta-voz e no segundo referencio o efectivo poder de que aquela estrutura usufrui para intervir, bem ou mal, sobre os nossos destinos, no terceiro chamo a vossa atenção para o facto de o absurdo poder gerar as condições para uma revolta que, acontecida no seio de quem detém as armas, nunca se sabe as proporções que pode assumir. Esse absurdo tanto pode provir de uma decisão judicial, porquanto acertada do ponto de vista formal, como do somatório de decisões absurdas por parte de um poder político legítimo do ponto de vista dos procedimentos democráticos mas tão errado como a História, portuguesa e mundial, já provou ser passível de acontecer.

O medo de uma intervenção militar, quiçá oportuna no entender de alguns mais desesperados mas sempre de último recurso para quem abraça a democracia e teme a imposição seja do que for pela força das armas, acaba por ser secundário perante as consequências da falta de razoabilidade nas decisões tomadas, a nível político ou judicial, a dissonância entre estas e a lógica que preside ao modelo de sociedade que (quase) todos defendemos e, acima de tudo, à indiferença generalizada para com todos estes sinais de uma insanidade colectiva que está a contribuir sobremaneira para um verdadeiro livre arbítrio por parte da elite com acesso a qualquer poder.

 

E agora esse desgoverno está a atingir patamares tão baixos que já destruiu a consciência crítica dos cidadãos, incapazes na sua maioria de prestarem sequer atenção aos sinais da demência que nos corrói a Nação pelos seus alicerces que incluem, na minha opinião, coisas tão elementares como um conceito de justiça universal que se sobreponha sem hesitar às regras de qualquer instituição que dela faça parte quando estas contrariem, em questões tão elementares como a saúde pública dos cidadãos, a ética e decência de que tantos suspiram a ausência e a apontam como um mal mas muitos mais (e tantas vezes os mesmos) tornam irrelevantes por não lhes prestarem a devida atenção.

 

Rendo aqui homenagem ao tenente Corceiro, ao cidadão Gonçalo, na proporção inversa ao que me apeteceria aqui dizer acerca dos que viram a cara para outro lado neste tipo de injustiças quando esse outro lado não passa de um conjunto de miragens e de fugas superficiais vocacionadas para entreter os cobardes e os acéfalos que preferem fazer de conta que nada há a fazer de concreto para combater a decadência moral que está a matar pela raiz a própria civilização ocidental e, sem dúvida, o seu próprio país.

21
Mar13

A posta no cultivo das petições imbecis

shark

Admito que estou a prestar mais atenção à balbúrdia cipriota em que a (des)União Europeia se meteu, mas quando percebo nas redes sociais e no impulso neo-peticionista uma reacção histérica, uma “proibição” generalizada a um comentador televisivo, seja qual for, começo a temer o pior em termos de apreço pela Liberdade de Expressão (entre outras) numa população cada vez mais óbvia nos sintomas de uma espécie de demência mansa mas nem por isso menos ameaçadora.

 

Talvez seja um dano colateral da crise, mas os impulsos primários de milhares de cidadãos portugueses são assustadores e denunciam um de dois problemas: ou a malta está mesmo toda a passar-se ou para além de valores cruciais como a dignidade, a honra e similares perdeu-se também o sentido do ridículo.

A reacção desproporcionada de milhares ao anúncio da entrada de Sócrates na RTP na qualidade de comentador foi tão hostil que mais parecia que se tratava de uma ocupação bélica dos emissores para abrir caminho à (re)tomada violenta do poder.

 

José Sócrates é nesta altura um comentador político tão habilitado (sim, eu topei esse sorriso manhoso) como qualquer dos vários – na maioria conotados com o espectro político oposto – já em funções.

Qualquer que seja a opinião dos outros a seu respeito tem todo o direito a expressar a sua. Se tinha pecados políticos expurgou-os nas urnas, derrotado como foi, substituído pelo que se vê. Se tinha pecados criminais expurgou-os na barra dos tribunais e nem uma condenação, uma pena ligeira para mitigar a fúria do povo, se aproveitou.

Nesse caso, quem tem o direito de exigir à RTP que desista dessa escolha? E a que pretexto?

 

Só me ocorre um e é dos mais repugnantes, pois indicia uma mesquinhez quase fascista.

E todos conhecemos a qualidade das colheitas obtidas a partir dessas sementeiras de pura estupidez.

06
Mar13

Rui Moreira ou não, soube merecer o que se segue

shark
Sem ter forma de confirmar a autenticidade do comentário que seguidamente reproduzo, nomeadamente em matéria de autoria do mesmo, arrisco pressupor que se tratará do visado na minha posta anterior. E ainda que assim não seja, existem algumas vacas sagradas neste blogue e uma delas é a de respeitar o direito de qualquer pessoa ou instituição citada nos meus textos a ver publicada a sua reacção com idêntico destaque ao do texto que a motivou.
Respeitando a elegância da reacção em causa, inibo-me de contra-argumentar nesta ocasião. Não é esse, de todo, o objectivo desta posta e chamo por isso a vossa atenção para a reprodução na íntegra da que presumo seja a argumentação de Rui Moreira e que desde já agradeço.

-//-

rui moreira a 5 de Março de 2013 às 14:44
Meu caro, algumas imprecisões, respeitando a sua opinião. Quanto ao apoio de Pinto da Costa, está distraído. ele apoia LFM, quanto à democracia directa, eis o que escrevi no meu livro Ultimato: 

A democracia inventou o sistema representativo
que, não sendo perfeito, é seguramente melhor do que
qualquer dos outros de que se tem conhecimento. Claro
que as novas tecnologias desafiam a nossa imaginação, e
há quem acredite que no futuro será possível encontrar
formas referendárias de participação imediata. Essa
forma de participação comporta, no entanto, riscos
muito elevados que a sociologia explica. A democracia
directa, que tem sido ensaiada em referendos e em
petições, é presa fácil dos demagogos e, por isso, um
terreno fértil para as ditaduras.Há, no entanto, óbvias razões que recomendam
que se aperfeiçoe o sistema representativo em função
de critérios razoáveis e democráticos, respondendo-se
assim aos anseios da população. O aprofundamento
da democracia exige que se contrarie o desamor dos
cidadãos pela política. Não se trata de reinventar a
política, que é uma ideia pretensiosa, mas de aproximar
a política da cidadania, de recuperar o debate ideológico,
de responsabilizar os políticos pelas suas promessas, de
os aproximar dos seus eleitores, através de uma relação
entre o eleitor e o eleito que não se expresse apenas no
momento em que se deposita o voto na urna.


Você pode discordar, e reconheço que tentei simplificar o argumento no programa de televisão, como por vezes é necessário em televisão, mas não me tome, apenas, por comentador de futebol. É um pouco snob... 

aceite um abraço do 
Rui Moreira
Aceito e retribuo, claro.
05
Mar13

A posta na democracia indirecta dos recém-chegados de fora do sistema

shark

Gosto sempre de prestar atenção aos figurões que se afirmam alheios à política mas avançam na mesma como candidatos eleitorais.

É o caso de um apregoado independente, Rui Moreira, que surgiu na Invicta como uma espécie de lufada de ar fresco à Direita (a doce brisa do Rio) para contrapor ao curioso mas incompreensível candidato socialista e ao mau da fita, o eterno Luís Filipe Meneses.

Estes figurões mediáticos, sempre sustentados por um qualquer poder (no caso concreto existem claros vínculos clubistas e pode pelo menos pressupor-se a simpatia de um Pinto da Costa por eventual eleição de Moreira), surgem de repente na cena (não) política invocando precisamente a sua relação urticária com os partidos.

 

Consigo entender a distância de Rui Moreira relativamente ao fenómeno político-partidário, do qual também me afastei anos atrás, e não sendo esse o motivo que me leve a olhá-lo com alguma cautela é sem dúvida um factor acrescido para nele prender a minha atenção: precisamente porque são estes arrivistas os menos fiáveis à priori de entre os elegíveis para cargos de maior relevância em qualquer democracia.

A nossa, fragilizada pelo que se sabe, encontra-se escancarada a este tipo de paladino da imagem impoluta do cidadão ainda por conspurcar pela máquina hedionda de estragar pessoas em que os partidos políticos facilmente se pintam aos olhos de gente a passar privações.

 

A atenção que presto a estas pessoas xpto permite-me topar com facilidade as suas incoerências, as suas inconsistências e, esses são de caras, os seus momentos de desatenção imbecil. Sim, imbecil. Não é novidade na cena política e é ainda mais fácil de encontrar nestes candidatos sem tarimba na língua para evitarem confusões.

Este Rui Moreira, um homem cheio de predicados na sua vertente empresarial, parece uma pessoa válida, daquelas que Portugal procura como pão para a boca para colmatar as brechas em matéria de liderança. E acredito que o seja, no meio em que se movimenta e, por exemplo, enquanto comentador em programas acerca de futebol.

 

O lance da grande penalidade

 

Todavia, a um candidato a cargos importantes é legítimo exigir alguma bagagem em termos de ponderação. Foi essa que falhou a Rui Moreira quando, no meio de um programa da RTP (Economix), veio à baila o assunto das eleições em Itália e a reacção do putativo candidato foi espontânea. Talvez demasiado, quando se falou do Grillo que deixou em pânico a classe política desta Europa unida em torno de um vulcão.

Aparte o desdém pelo humorista (como se fosse coisa que se pegue), saltou-me à vista o seu comentário abalizado (de autor de um livro acerca do tema) a propósito da democracia directa.

Nem de comentário se pode apelidar, mas a intervenção do senhor que não é um político nem admite qualquer tipo de filiação partidária resume-se no seu exemplo ilustrativo do que entende por democracia directa: a ideia é as pessoas votarem em casa, pelo Facebook, e agora imagine-se que apanham um homicida de crianças e é colocada a questão: acha que este bandido deve ser condenado á morte? E a pessoa, de forma instintiva, tende a votar a favor.

 

Para não me alongar nem pego pela imbecilidade mais óbvia, a do recurso ao exemplo extremo e impraticável, pelo menos fora de um contexto de absoluto caos no qual da Constituição da República se fizesse tábua rasa. Pego sim pela queda desamparada do demagogo na tentação de equiparar os eleitores a criaturas destituídas de inteligência, de bom senso e de capacidade de decisão. É isso que está implícito na figura do tal votante por impulso, movido apenas pela fúria vingadora do Neandertal a quem a democracia representativa até permite seleccionar de entre uma elite com capacidade superior alguém que fale e decida por si.

 

Se Rui Moreira vier a ser o Presidente da Câmara do Porto, por livre escolha dos eleitores a quem o próprio não confiaria nem uma decisão jurídica (fantástico, num Estado de Direito, mesmo com uma democracia directa, este conceito tão radical) até eu ficarei na dúvida relativamente à pertinência dessa sua opinião.

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