Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Fev13

A posta que o futuro imediato é uma desconcertante incógnita

shark

Sempre que se coloca a questão de como dar a volta à situação que o país atravessa esbarro numa parede que o raciocínio impõe e dou comigo num beco sem saída.

Em causa está a relação entre a dimensão do problema, nomeadamente do ponto de vista financeiro, e o leque de alternativas disponíveis num cenário eleitoral.

Quando vejo cidadãos mobilizados para as diferentes formas de luta que uma democracia digna desse nome nos faculta entendo perfeitamente as suas razões e, em mais do que um momento, sinto-me compelido a também fazer qualquer coisa.

O problema, e é aqui que de repente me vejo no tal dilema, está na nítida sensação de que derrubar o actual governo (e é esse o mote de todas as manifestações populares acontecidas ou por acontecer) pode confrontar-nos apenas com cenários ainda mais complicados no contexto da aflição generalizada, como o exemplo italiano cuidará de comprovar.

 

Cruzar os braços é sempre uma opção impossível perante a progressiva degradação do tecido empresarial e respectivo impacto no número de gente desempregada que pode apenas recorrer aos mais próximos para se valer e também a maioria desses sente na pele o efeito da austeridade. O consequente efeito bola de neve arrasta até a geração dos avós para o turbilhão e a em termos sociais o país começa a acumular tensões indisfarçáveis que só não eclodiram ainda como o caos nas ruas porque olhamos para os gregos e percebemos que nem essa hipótese resolve seja o que for.

Porém, todos sentimos que urge fazer algo e com a máxima urgência.

 

As opções que nos restam limitam-se a males maiores. A desordem não serve. Eleições antecipadas não resolvem. Não há dinheiro e devemos milhares de milhões, pelo que a dependência externa é total e não é realista equacionar a saída do Euro ou a desresponsabilização relativamente aos compromissos assumidos.

Perante isto, o que fazer?

É aqui que ninguém apresenta sugestões minimamente consensuais. Toda a gente consegue apontar culpados e exigir a respectiva responsabilização. Contudo, nesse lote incluem-se os maiores partidos e só uma minoria leva a sério as opções que restam.

 

Um novo partido, alheio aos já existentes e livre das várias cargas pejorativas, surge no horizonte como a única hipótese no âmbito do sistema democrático que o bom senso recomenda e a racionalidade impõe. Uma alternativa distinta das já existentes, capaz de congregar vontades em torno de um projecto simultaneamente realista e milagreiro, seria nas conjecturas de muitos de nós a aposta ganhadora.

Mas no meio do furor demagogo que a desorientação facilita, quem nos garante que não estaremos a investir numa solução sem pernas para andar ou que, como no exemplo italiano que acima referi, não consiga mais do que tornar-se num estorvo à possibilidade de constituição de uma maioria parlamentar capaz de sustentar uma solução governativa estável?

 

Como baratas tontas, acabamos quase todos paralisados perante tantas dúvidas (legítimas) e o tempo esgota-se ao sabor dos caprichos de cada um dos países de uma União Europeia refém de si própria e do efeito dominó de uma crise em roda livre, sem o amparo federalista.

Ainda assim, e caso queiramos insistir na democracia como opção (não existe outra), só mesmo através da criação de novos partidos, movimentos de cidadãos e quaisquer formas de mobilização organizada de cidadãos poderemos alimentar a esperança no surgimento de uma nova ideologia com propostas exequíveis ou, no mínimo, de alternativas credíveis de liderança.

25
Fev13

A posta na bosta de digestão fácil

shark

É verdade, nunca fui apreciador de pipocas. De resto, a importação do seu consumo para as salas de cinema foi o primeiro e determinante pretexto para deixar de frequentar as ditas.

Contudo, sendo fácil dispensar a ida ao cinema onde salas como o antigo Monumental, o São Jorge e outros salões onde o espectáculo começava ainda antes de as luzes se apagarem terem sido substituídas pelos cubículos incaracterísticos em centros comerciais, o advento da pipoqueira à blogosfera de que a Força Suprema me colocou a par a partir do único medidor de audiências fidedigno, confirmando uma tendência televisiva neste meio, ameaça ser o derradeiro pretexto para que a minha presença na blogosfera equivalha à que mantenho nos cinemas perto ou longe de si.

 

Nada me move contra blogues da treta como o actual líder de audiências. Garanto que estou a ser sincero, pois seria absurdo ter algo contra espaços que não frequento e que em nada me aquecem ou arrefecem. Há em tudo na vida lugar para a boçalidade, para os temas menos profundos e até para o branqueamento anal: cada um come do que gosta e até tem todo o direito a mudar a cor do centro nevrálgico dos seus apetites.

No entanto, a caminho dos dez anos de imersão neste fenómeno em plena decadência (este blogue é um espelho fiel da mesma) fico desolado perante o facto de blogues como, por exemplo, o Aspirina terem menos de um terço das visitas de algumas realidades do top ten da blogosfera nacional.

 

É um facto que nas conversas de café toda a gente se afirma perturbada por programas de grande qualidade da RTP 2 terem um cagagésimo da audiência da casa dos segredos e outras pimbalhadas. Mas é igualmente verdade nessas conversas que ninguém ajudou a eleger o actual governo que todos criticam. Tudo treta, bustos de Napoleão para fugir à seringa com o rabinho da futilidade e da leviandade nas escolhas que se apropriou da maioria das pessoas. Sim, da maioria. Os números comprovam-no nas audiências dos media como nos desta triste blogosfera entregue aos temas ligeiros e de digestão fácil. As Pepas desta nossa comunidade são afinal a realidade que a mantém viva, ligada à máquina do superficial que tanto parece agradar às hordas de consumidores boçais.

 

A verdade dos números é a que se exprime nas medições. O esforço intelectual para produzir trabalhos com alguma qualidade é vão e isso está à vista na realidade do que afinal atrai os mirones de qualquer rede social, como o exemplo do Nilton no Twitter reforça e estou certo de que nas estatísticas do Facebook também estala o milho nos espaços mais procurados por quem busca alternativas ao lixo que nos oferecem nas outras plataformas de comunicação.

O país americaniza a um ritmo alucinante (deprimente) e não no sentido que nos dava mais jeito: não temos tanto pilim como eles mas investimos com o mesmo entusiasmo na estupidificação das massas.

19
Fev13

A posta que não é só fogo de vista

shark

Embora tudo pareça desenhado para banalizar os muitos horrores que as pessoas protagonizam por esse mundo fora, numa discreta mutação das emoções feita à conta da paulada mediática, continuam a brotar aqui e além nesse terreno fértil da insanidade generalizada alguns episódios capazes de nos obrigarem a transcender a estupefacção (a derradeira etapa antes da indiferença) e a redescobrir o choque emocional que alguns dramas, felizmente, ainda provocam.

 

Só quem sente ou sentiu na cabeça a pressão que um colapso financeiro individual implica pode ter uma ideia do destrambelhamento que isso pode causar a uma pessoa mais sensível ou debilitada.

São vários os pesadelos associados à queda no mundo canalha do incumprimento, um sítio estranho e hostil no qual uma pessoa cuja matriz é a do cidadão certinho e cumpridor descobre de repente o quanto a vida pode mudar quando as contas entram no vermelho por um motivo qualquer ou por uma mera sucessão de imponderáveis.

 

As instituições financeiras são as primeiras a sinalizar essa mudança para pior no estatuto social. Do oitenta de um tratamento VIP com cartão gold ao menos oito de uma frieza a roçar o desprezo com que se distinguem os párias do sistema, do sorriso hipócrita ao franzir do sobrolho, vai uma distância tão curta quanto uma prestação em atraso de um crédito qualquer. Esse sinal de alarme dos engravatados sem alma nem vontade para simpatia, paciência ou mesmo comiseração desencadeia um furor de cobrança que, em pouco tempo, se converte numa estratégia desenhada para enxotar o mau pagador em causa sem apelo nem agravo, depois de esgotados os seus recursos para adiar o problema.

É embaraçoso e é, para quem leva a sério a cena das relações sociais, uma tremenda desilusão para quem se supunha resguardado por um passado isento de mácula e recheado de momentos lucrativos para a mesma instituição que lhe tira o tapete debaixo dos pés.

 

E depois, impossível evitar, o calvário das portas fechadas na cara por aqueles que se tinham por próximos e que afinal apenas somam a uma variante do hoje não pode ser, tenha paciência a divulgação de um problema que se queria confinado ao círculo mais chegado.

Esgotado o roteiro da pedincha, o cidadão entalado percebe-se a sós no centro do furacão e soma ao pânico as raízes de um desespero que cresce em função dos contornos da bronca e do grau de debilidade entretanto atingido.

Telefonemas insistentes, mesmo em horas impróprias. Mensagens repetidas no telemóvel. Cartas frias e ameaçadoras no meio da publicidade a coisas que já não se podem comprar. Isso mais o silêncio de cada vez mais gente de confiança total que se revela relativa quando está em causa essa doença contagiosa da aflição.

 

Dia após dia, semana após semana, os meses contados pelo número de prestações em atraso, a vida cada vez mais vivida numa solidão imposta pelos outros que preferem evitar a maçada e pelo próprio sem forças para reagir.

As consequências, a apropriação compulsiva de tudo quanto possam os credores deitar a mão, fazem-se sentir na perda da dignidade, na vergonha de cruzar o olhar com os vizinhos que lêem o drama afixado na porta do edifício sob a forma de aviso de execução da penhora que, depois de levada a cabo, empurra seja quem for para a rua sem que alguém pergunte se a pessoa dispõe de um tecto alternativo para se abrigar.

 

É este, em resumo, pois pode envolver por acréscimo a degradação do ambiente familiar, o percurso das pessoas apanhadas pelo cilindro compressor da cobrança difícil.

Esmagadas, sim.

 

Tão espalmadas contra o chão que deu uvas, tão pisadas no orgulho, tão privadas de esperança em dias melhores que são capazes de coisas como imolarem-se no interior de uma dependência bancária, como tibetanos.

 

E isso, por quantas vezes se repita nas parangonas, será sempre para mim uma tragédia alheia que sentirei com a tristeza profunda e a revolta solidária de quem jamais perdoará uma sociedade capaz de tolerar que um dos seus possa ser conduzido a um desfecho assim.

17
Fev13

A posta num beco sem saída

shark

À liderança bicéfala do Bloco de Esquerda corresponde a gestão bipolar da maioria da classe política e, só não vê quem não quer, de um grande contingente dos seus eleitores.

Prestar demasiada atenção aos discursos de políticos e às reacções populares é meio caminho andado para dividir qualquer mente mais esclarecida em duas partes que se antagonizam. Uma delas insiste em disparar alertas perante a evidente (descarada) dissonância entre a prática governativa mais a da sua oposição que se reparte entre o vai vem neo-frouxo e o agarrem-me senão desgraço-me pseudo radical.

No meio disto tudo andamos nós, os críticos de sofá que falam muito mas fazem népia, os manifestantes só porque sim e depois logo se vê, os ignorantes que refilam sem fazerem ideia contra o quê em concreto e toda uma massa de aflitos a sério e de chorões da treta, uma pasta viscosa, disforme, de gente à beira de um ataque de nervos e sem qualquer esperança possível de sustentar a partir do que se ouve, do que se vê e do que se pode pensar a partir desses elementos dispersos que apenas nos ilustram e alimentam uma perturbadora desorientação.

 

A panaceia inventada pelo BE para colar com cuspo as frágeis ligações entre as suas múltiplas correntes, tentando aguentar a coisa até à salvação que um resultado eleitoral menos catastrófico possa constituir, é apenas uma das caricaturas das muitas possíveis a partir do desnorte que reina no cenário confrangedor da política caseira, em nada diferente da que percebemos noutras nações.

Os políticos, à esquerda como à direita, nos governos como nas oposições, andam à nora para descobrirem a pólvora sem fumo de uma solução milagrosa para um problema cada vez mais global que é o descrédito da própria democracia à mercê da multiplicação de fracassos de que a Primavera Árabe é um exemplo flagrante: depõem-se governos ou regimes sem existirem opções concretas de poder, acabando este confiado a quem soa mais credível no meio de tanta mentira, de tanta incompetência, de tanta desilusão.

E entretanto acontece um colapso financeiro que arrasta boa parte da população de países ditos ricos para uma indisfarçável pobreza que o tempo a passar (como o exemplo da Grécia demonstra) ameaça tornar numa miséria como há muito o hemisfério norte não experimenta e com a qual já provou não saber como lidar.

 

Uma no cravo e outra na ferradura acaba por ser o recurso de quem se vê a braços com uma gestão impossível do caos em crescendo que vai eclodindo a partir da revolta abafada por anos confortáveis para a maioria burguesa, a classe média que se vê apanhada pelo turbilhão da falta de soluções enquanto fonte mais à mão de receitas urgentes para tapar os buracos que a corrupção e o desmazelo ao mais alto nível criaram e a crise financeira deixou à vista desarmada dos que mais a sentem na pele.

Identificados na qualidade de responsáveis indirectos (os que não perceberam ou fingiram não perceber) ou directos (os que mergulharam no esterco do compadrio que parasitou fundos colectivos em proveito próprio), aos políticos parece restar o pontapé para canto de uma falsa indignação que não representa nem propõe qualquer solução concreta para o problema grave cujas repercussões ainda agora vão no adro.

 

A crise é também ideológica e dos pensadores que deveriam conceber alternativas aos modelos falhados e cada vez mais desacreditados resultam apenas críticas a uma esquerda radical assente em teorias do século XIX ou pouco mais recentes, a uma esquerda moderada sem soluções para os seus dilemas e paradoxos na complexa adaptação ao capitalismo que entendeu abraçar e uma direita desmembrada e incapaz de entender a complexidade dos desafios colocados pela falência do principal pilar das suas certezas e convicções, a economia de mercado a quem a globalização deu a estocada final por associar um efeito epidémico a qualquer convulsão.

 

No meio desta mixórdia de acusações recíprocas e de avaliação de culpas, assusta perceber que ninguém está próximo sequer de uma efectiva resolução do problema global e nem mesmo a revolução (um conceito algo estapafúrdio no contexto de democracias estáveis) representa um recurso viável por não existirem no horizonte quaisquer alternativas credíveis de liderança.

 

Aquilo que se vê e se sente é a degradação sistemática de todos os bastiões do sistema no qual se depositaram todas as esperanças do nosso mundo ocidental e que, por inerência, se tenta impor sem sucesso onde as ditaduras se revelam mais rebeldes e menos dóceis na aceitação da troca dos seus recursos naturais pelas esmolas de um ocidente em plena decadência. Sistemas judiciais em descrédito, comunicação social em falência, poderio militar ameaçado pela redução inevitável de orçamentos, ideologias incapazes de responderem aos anseios de populações em aflição.

 

E não se vislumbra no horizonte alguém capaz de inverter esta situação. 

15
Fev13

Sinceridade absoluta: um privilégio para excêntricos ou imbecis

shark

Custa sempre a aceitar que mesmo o que entendemos por bom, por positivo, naquilo que nos faz enquanto gente possui limites e deve ser usufruído com prudência e com moderação. Coisas que dependem muito da forma como as sentem e interpretam os outros, as pessoas com quem interagimos e por isso acabam destinatárias das características que nos definem e dos comportamentos que esses traços de carácter acabam por condicionar.

A sinceridade, louvada como um valor universal, mais do que uma característica inata é uma opção individual que todos gerimos em função da importância que lhe atribuímos mas também das características das pessoas a quem a dedicamos e até das circunstâncias com que nos vemos confrontados quando chega a hora de ponderar esse recurso ao nosso dispor para, bem vistas as coisas, justificarmos laços de proximidade e de confiança com quem lidamos ao longo de uma existência que prefiramos alheia à solidão.

 

Nenhuma pessoa pode afirmar-se absolutamente sincera, pois o bom senso recomenda e a sensibilidade exige uma gestão cuidada, um doseamento sensato da verdade em estado puro para com os outros e até para com nós mesmos, sob pena de se obterem reacções que se entendem como inesperadas apenas aos olhos de quem não possua o discernimento necessário para respeitar os tais limites e para medir as consequências por vezes devastadoras de uma postura demasiado frontal.

Demasiado. Um termo que soa desajustado quando olhamos para a verdade despida de todos os condicionalismos, de todos os factores endógenos ou exógenos que podem transfigurar esse conceito aparentemente cristalino e de uma bondade intrínseca, transformando-o numa arma de arremesso que pode destruir uma relação sólida ou uma pessoa fragilizada na sua estrutura emocional.

Complicado. Outra palavra que parece desenquadrada da definição de sinceridade, sem dúvida, mas que se torna incontornável quando da teoria sempre tão benévola passamos à dura realidade da respectiva aplicação.

 

A sinceridade, porquanto louvável, jamais poderá ser absoluta fora do âmbito do monólogo ou da introspecção. E mesmo aí requer alguma contenção, tão frágeis se revelam as nossas defesas às verdades mais perturbadoras, ao ponto de um raciocínio sincero se poder transformar num complexo exercício de negação. Depende apenas do calibre do próprio, do poder de encaixe que todos reclamamos mas nem sempre se mostra à altura da situação. Quando está em causa o arcaboiço dos outros este detalhe assume proporções ainda mais relevantes e é quase instintivo o recuo, o adornar da verdade perigosa com uma inócua mentira piedosa ou com uma estratégica omissão, parcial ou total, dos pormenores mais ameaçadores.

 

Jogamos à defesa e hipotecamos sem hesitar esse valor alegadamente tão grato apenas porque percebemos (ou aprendemos à bruta) que tem mesmo que ser. Não faltam atenuantes bem intencionadas para justificarmos o perigoso resvalar para uma hipocrisia bondosa que o medo nos induz.

 

Quase sem darmos por isso abdicamos com tanta frequência da sinceridade digna desse nome que nos habituamos a contornar as verdades incómodas e depois de aberto o precedente, de quebrada a espinha dorsal do conceito original, perdemos a capacidade de distinção da verdade na sua essência e acabamos por encaixar a mentira na rotina da nossa interacção.

 

Acabamos encurralados pelo inferno de uma lógica traiçoeira nas nossas melhores intenções.

12
Fev13

Passos descalços

shark

Pedaços no chão, mesmo ali ao lado, como cacos de uma falsa partida que acabou tombada sem o amparo que se dá aos vencedores. Perdida uma luta qualquer, a derrota ali espalhada, a bandeira que se agitaria à chegada distribuída em pequenos farrapos meticulosamente organizados no meio do chão, como símbolos de uma desilusão que um dia sonhou ganhar uma corrida contra o tempo tão veloz.

 

Retalhos de uma solidão enclausurada num espaço sem som, nunca ouvida, nunca falada, perdida numa multidão de silêncios comprometedores em plena avenida da demência em construção.

 

Pedaços no meio do chão, mesmo ali atrás, pisados pelos passos descalços de um olhar tão seco, tão morto, que nem assim sangrou. 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO