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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

27
Mai12

A POSTA QUE DAVA JEITO PODER MEXER-LHE

shark

À semelhança de Deus, o amor é fácil de dizer. Deve fazer parte das características das coisas que nos transcendem, essa simplicidade de serem ditas.

Porém, falar é fácil mas fazer é outra conversa, como se comprova tanto na prática da fé como na do amor que, aliás, também parece reunir mais crentes do que praticantes.

 

O amor está por toda a parte (tal e qual Deus, eu sei) e na boca de toda a gente (tal e qual a pasta medicinal Couto, pois é). Ou quase, pois nem sempre os/as praticantes apreciam administrá-lo por via oral e por isso muitas vezes acabam numa espécie de retiro espiritual para descrentes e, pior ainda, não praticantes.

Fala-se o amor como se em cada cidadão existisse um entendedor na matéria, um sacerdote capaz de guiar as ovelhas tresmalhadas pelo demo da rejeição, e até existem algumas bíblias de referência. O amor enche-lhes as bocas e as páginas de emoção tão colorida nas descrições quanto pintada nas proporções, faz-se assim, sente-se assado, esse amor apalavrado de que afinal apenas se ouviu falar.

 

À semelhança de Deus, o amor é fácil de definir porque igualmente se escuda (o conceito) por detrás da impossibilidade de ser definido. Isto pode parecer confuso, mas dá um jeitão às palradoras e aos palradores que o amor tanto seduz porque lhes abre as portas a um universo de especulações, de indefinições, de clichés e de dogmas que depois se convertem facilmente, aos olhares mais desatentos, em tratados da cena. Melhor dizendo, dá pano para mangas para se falar do que não se conhece mas pelo menos se acredita.

Define-se o amor como se em cada pessoa existisse um sabedor de experiência feito, um monge budista capaz de meditar a emoção até conseguir convertê-la em algo de tangível a partir da espiritualidade que lhe é, de forma tão romântica, atribuída.

O amor enche-lhes a mentes e as páginas de convicção tão fantasiosa nas descrições quanto imaginada nas concretizações, sente-se assim, faz-se assado, esse amor aparvalhado de que afinal apenas se desejou existir.

 

Mas essa vontade sincera, essa intenção de quem espera sempre algo mais do que tem ou entretanto deixou perder, acaba por redundar numa espécie de catecismo para a conversão dos agnósticos que, bem vistas as coisas, acabam por ser os únicos verdadeiramente genuínos porque assumem a própria incapacidade (a que os doutrinários chamam ignorância) de explicarem uma coisa que não têm a certeza de terem experimentado apesar de toda a gente em volta lhe afirmar a existência e até aceitarem essa possibilidade como válida.

Por isso, como é normal nas emoções divinas, o discurso é movido pela vontade firme de afirmar certezas mesmo sem oferecer explicações que as justifiquem e surge sempre engalanado com o rococó típico dos contos de fadas, mormente no final feliz que, no céu como na terra, nunca se conhece até a coisa acontecer.

 

27
Mai12

A POSTA NA CHATA DA FISCALIZAÇÃO

shark

Gostava imenso de saber que raio de poder é conferido (induzido?) a estes fulanos das secretas para se sentirem no direito de pedir a substituição de quem os fiscaliza.

Esta nova revelação acerca da chata (só sobe na nossa consideração, tendo em conta a função em causa e o transtorno que estaria a causar aos abusadores) confirma os piores pressupostos que os anteriores capítulos desta mixórdia permitiram conceber.

É uma balda, aquilo que se instalou numa área sensível do aparelho governativo. E é uma balda perigosa, considerando a leviandade da actuação dos intervenientes que vão subindo à tona do lodaçal desde que alguém remexeu o fundo da coisa.

 

Estamos a falar, caso não tenham reparado, nos fulanos a quem é confiada a segurança do Estado contra ameaças externas (pragas de gafanhotos, por exemplo, pois assim de repente não me ocorre outra coisa) e internas (aqui é que a porca torce o rabo pela forma como os inimigos da Pátria são seleccionados pelos espiões).

Ou seja, estamos a falar dos gajos cuja herança, cuja carga, pela natureza das funções e da autoridade conferida, é a da PIDE-DGS.

Claro que toda a gente corre a afastar esse papão, hoje em dia seria impossível, mas a verdade é que uma polícia secreta possui meios para, em teoria, exercer chantagem sobre um político, um banqueiro e, porque não?, um jornalista.

Se essa polícia secreta começa a surgir associada com frequência a escutas e vigilâncias difíceis de explicar no âmbito da segurança do Estado, temos a ameaça interna a provir precisamente de quem é pago por nós para a evitar. Nesse caso só há que desmantelar tudo aquilo e começar de novo pela raiz, sendo que essa deve beber de um terreno fértil em pessoas de bem, patriotas, e de uma legislação muito mais rigorosa na matéria.

 

A Democracia é uma realidade muito sensível a esta acumulação de agressões aos valores e aos mecanismos que a compõem. Com a classe política sob suspeita, a Justiça sob suspeita, a alta finança sob suspeita e a Comunicação Social no estado que se sabe, pouco resta dos sustentáculos de todo o sistema e só estupidamente exagerados a roçar o imbecil podem dormir sossegados com base na fé de que tudo se componha por si.

Não compõe. Nem por si, nem por mim, nem mesmo pelo superior interesse da Nação que a seita de crápulas e de parasitas pouco a pouco consome e certamente destruirá se a população não começar a falar mais grosso.

É a Grécia revisitada, bastando olhar para o cenário em termos de alternativas que nos espera em próximas eleições, demasiado próximas de uma fase que se adivinha complicada para o país e por isso desde já perfeitas para o desabafo expresso no voto de protesto (logo agora que se fala na saída do Louçã, olha a maçada...) que, exemplos não faltam, é a praia natural de uma fauna que se estende dos Coelhos madeirenses aos pistoleiros fanáticos pseudo-nacionalistas.

É uma lotaria.

 

Por isso mesmo, todos estes pequenos golpes na pele do sistema fazem-no sangrar credibilidade até a soma de feridas se tornar numa hemorragia de confiança que ninguém no actual panorama parece capaz de estancar, sobretudo quando (e não se) as coisas descambarem a sério.

Ao descrédito das instituições sucede-se a constatação da ausência de opções e somando a isso os efeitos da crise na população temos reunidos os ingredientes para uma revolta desnorteada, sem soluções, desesperadamente hostil.

É esse o resultado final mais provável para países que, no contexto de uma conjuntura terrível, se permitem o luxo da apatia perante as evidências, perante as emergências que se multiplicam e às quais não tarda (sim, a Grécia seremos nós) ninguém poderá ou quererá acudir.

25
Mai12

A POSTA QUE PELO MENOS METADE SÃO COMPROVADAMENTE ALDRABÕES

shark

Cada vez mais ficam de lado os pormenores e a vista abre-se sobre o grande plano que começa a parecer uma antecipação do inferno anunciado, muito para lá das dificuldades que uma crise acarreta.

Olhamos para os acontecimentos, os que nos chegam ao conhecimento, e já pouco interessa quem são os protagonistas mas apenas qual o seu papel e quais as causas e consequências da sua intervenções desastradas, levianas, perigosas até.

Pouco interessa o que vemos e o que sabemos acerca da inevitável degradação das funções, do que elas representam para o bem comum, quando ocupadas por pessoas incapazes de lhes entenderem a relevância e que por isso lhes mancham a dignidade com as suas exibições públicas de menoridade, de ignorância.

 

Embora a elite corra a cobrir a retaguarda dos seus, adiando respostas, rejeitando propostas, varrendo para debaixo do tapete a sujeira que o tempo ajuda a esquecer, vemos garantida a presença de aldrabões onde menos os desejaríamos quando as alegadas verdades de uns são categoricamente desmentidas por outros.

E quando uns são Ministros da Justiça e os outros são Procuradores Gerais da República, e quando uns são a tutela da Comunicação Social e os outros são Jornalistas, e quando uns são Primeiros Ministros cessantes e os outros são Primeiros Ministros vindouros, e quando percebemos que são os próprios a atrair a suspeita da mentira quando se contradizem entre si, essa elite gangrenada, deixamos cair os nomes, os rostos, os detalhes sórdidos da porcaria que fazem e que espalham pelo país que precisa mais do que nunca de gente de bem, respeitável e respeitada, deixam de interessar.

Interessa apenas salvaguardar os cargos que ocupam e aquilo que esses cargos representam muito para lá das figurinhas e dos figurões que os ocupem em determinado momento da História.

 

Cada vez mais aqueles a quem confiamos nada menos do que o bom funcionamento da Democracia (pedir-lhes mais do que isso seria desumano considerando a real valia do seu desempenho, bem expressa no que se vê e no que se adivinha ou deduz) parecem ignorar a responsabilidade que isso implica.

Embriagam-se com a projecção, com o poder, com a euforia do sucesso pessoal e perdem o rasto ao que lhes compete fazer a bem da nação que os promoveu, que lhes abriu as portas para um lugar na História que acabam por utilizar para nos envergonharem com a evidência de uma péssima escolha.

Sobretudo numa altura de aperto apenas lhes exigimos uma trégua no regabofe e nem isso parecem dispostos a conceder, na cegueira do poder que não respeitam e por isso se permitem condutas que trazem o descrédito muito mais para as funções do que para as pessoas que as assumem.

 

A insistência nesta aposta em males menores, nesta fé em falsas esperanças, nesta apatia que nos trai porque deixamos que nos atraiçoem, é a receita infalível para o futuro imediato do país ser equivalente ao presente de um outro país que não queremos ser e a quem igualmente um passado glorioso não poderá valer. 

20
Mai12

A POSTA NO DIABO QUE OS CARREGUE

shark

Uma das hipóteses mais terríveis que me acudiram à ideia quando pensei em alvos mais vistosos para um atentado terrorista foi, pela conjugação perfeita dos factores que tornam relevante o acto de profunda ignomínia em causa, a Eurodisney.

Acabei por concluir, tão fofo, que não, nem mesmo o mais tresloucado operacional de um qualquer grupo de cobardes seria capaz de apontar às crianças a mira do seu ódio.

Porém, a explosão que em Itália ceifou a vida de uma estudante com dezasseis anos de idade e provavelmente desfigurou ou incapacitou mais algumas jovens com o azar de frequentarem uma escola secundária que, na demência assassina de coisas parecidas com gente, foi escolhida para palco de mais um marco na descida ao inferno que cada vez mais os outros podem ser, trocou-me as voltas.

 

Neste caso, sejam quem forem, esses outros não se enquadram naquilo que defino como ser humano. Um acto terrorista não joga certo com a maioria dos instintos primordiais mais significativos e em nada se relaciona com a racionalidade como a conseguimos interpretar, é uma pura e simples aberração.

Mas não estamos a falar de um gato que ladra como um cão, em causa está a natureza dos vermes capazes de acharem boa ideia fazerem explodir um engenho a poucos metros de um estabelecimento de ensino à hora da entrada, algo cuja crueldade supera os limites suportáveis para os seres humanos propriamente ditos e que nenhuma causa ou justificação poderá, enquanto existir uma réstia de humanidade em alguém, atenuar enquanto exibição do Mal na sua forma mais cristalina.

 

Nesta altura, e depois de levantada a suspeita sobre a Máfia, ainda não se conhece o móbil da proeza tal como não foram identificados os respectivos autores, mas a baixeza do crime torna irrelevantes quaisquer outros pormenores: perante o conjunto de traições implícitas a alguns dos valores mais importantes para nos distinguirem enquanto pessoas nada mais interessa do que arreganhar o dente sem medo a estes bastardos da Criação e devolver-lhes em coragem e desprezo o ódio desumano e a cobardia mais nojenta que a sua presença no mundo só serve para representar.

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