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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Jan12

MINAS E ARMADILHAS

shark

Algumas paixões não passam de chispas efémeras que acendem um rastilho para a sua própria implosão cujo fragor resulta da diferença entre a intensidade aparente das emoções e a realidade nua e crua desse factor de ignição, acabando por redimensionar à sua verdadeira escala as proporções da carga que se expectava, por excesso, muito explosiva.

26
Jan12

GET REAL...

shark

Isto já só lá vai com uma ditadura.

 

O bom funcionamento de uma ditadura depende da eficácia dos seus mecanismos de repressão.

O bom funcionamento de uma democracia depende da eficácia dos seus mecanismos de fiscalização.

 

Com qual desses mecanismos preferes lidar, cidadão desencantado?

 

 

19
Jan12

A POSTA SEM CINZEIRO

shark

Falar da acumulação de uma reforma choruda com um salário milionário por parte de Eduardo Catroga poderia ser enquadrado, na sua perspectiva amoral, no debater daquilo que o próprio apelida de pintelhos.

Esta conclusão deriva do desplante com que o cromo veste a capa da legalidade para encobrir o manto de imoralidade subjacente a uma decisão sem respeito para com os melindres próprios de uma conjuntura aziaga ao ponto de enfatizar valores importantes mas ignorados no tempo das vacas falsas gordas.

E prova que nem sempre a lei joga certo com a moral que (também) lhe compete defender.

 

Relegando então a figura púbica acima referida para o domínio a que pertence, parece-me oportuno somar o desacerto das leis que protegem os medíocres ao desnorte dos legisladores que, em pleno crescendo de uma crise que ainda vai no adro, apontam os holofotes para o endurecimento das regras aplicáveis aos fumadores.

O tema é recorrente precisamente pela insistência dos paladinos numa cruzada que acabará por equiparar fumadores a consumidores de drogas duras na moldura penal, estando ainda por saber qual dos dois grupos marginais acabará por ser alvo da punição mais severa no futuro desenhado pelos proibicionistas bacocos.

 

A lei em vigor, porquanto polémica, acabou aceite e respeitada pela generalidade de uma população que parece capaz de aceitar tudo o que lhe é imposto sem qualquer tipo de contestação.

É no fundo apenas mais um sintoma que distingue a primavera de gente capaz de morrer nas ruas para reclamar democracia do outono de quem permite a perda da sua enquanto deixa apodrecer a consciência aos poucos na confortável apatia do sofá.

Enquanto o país definha à mercê de uma crise que deveria concentrar todo o esforço colectivo, os decisores investem o seu tempo e energia numa alteração legislativa cujo impacto económico é devastador para sectores já abalados pelo efeito da lei em vigor somado a outras medidas que já semearam inúmeras falências.

 

A boa intenção dos paladinos resume-se ao politicamente correcto da defesa da saúde pública, como se à progressiva marginalização dos fumadores não pudesse corresponder o mesmo efeito de outras proibições: empurrar os consumidores de tabaco, esses maus, para uma clandestinidade absurda.

Porém, nem é esse o fulcro da minha questão nesta prosa.

 

O que está em causa para mim, acima de tudo, é a passividade com que aceitamos todo o tipo de prejuízos, quer resultem da inépcia ou, no caso concreto, de uma espécie de excesso de zelo pervertido no timing e mesmo na motivação.

Apesar da injustiça implícita em impor aos empresários da restauração investimentos de monta para poderem albergar os mesmos fumadores que agora querem proibidos nos mesmos espaços e do visível exagero do que se prepara, os portugueses cruzam os braços, deixam andar, e até acredito que apesar do disparate óbvio a maioria irá acatar a coisa sem um balido e abster-se de fumar.

 

Eu vou votar contra.

06
Jan12

SOPRO DE VIDA

shark

Pelo espelho retrovisor da memória conseguia distinguir ao longe a coluna de fumo que o tempo, com a ajuda de um vento imaginário, não tardaria a dissipar.

Continuava a avançar e só olhava para trás de relance, a imagem derradeira de uma aventura tão passageira como o fogo que apenas ardia enquanto encontrasse no caminho algo de vagamente combustível para alimentar a sua energia espalhafatosa mas comprovadamente fugaz.

 

Já pouco olhava para trás, as cinzas apagadas, as labaredas extinguidas no passado que faz das coisas que pareciam as coisas como elas são, a clareza da visão aguçada pela pedra de amolar que a vida cuida de instalar no sítio onde as lembranças se atafulham à mercê da humidade e do pó e mirram até à sua dimensão realista, depois de uma breve troca de pontos de vista entre a emoção adolescente e a sabedoria anciã.

 

O sol a romper na manhã presente a escuridão de cada noite agora dada como perdida, a lógica temporária dos factos desnuda aos olhos de uma adversária com visão de raios xis, a chata da lucidez que andava desaparecida mas o tempo recuperou.

Já mal recordava o fogo que se apagou, aquela imagem derradeira no espelho retrovisor da memória para o qual já pouco olhava, sinais de fumo ilegíveis em danças da chuva sopradas, mensagens esborratadas pelo vento no céu de cor alaranjada pela agonia final da madrugada e ele sabia de antemão, gritava-lhe o instinto que ecoava o coração, que outros dias iriam nascer, a vida teimosa a prosseguir sem qualquer consideração para com todas as coisas deixadas para trás.

 

E ele agora já só olhava para a frente, iluminado pelo sol nascente de um rio feito de luz.

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