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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

22
Dez10

A POSTA NO LADO NEGRO

shark

Desapareceu um jovem colega da blogosfera, o Igor, presumivelmente atraído a uma cilada a partir da internet.

Ainda adolescente, reside em Loures, onde também estuda, sendo da escola que terá partido ao encontro do que se teme ser um predador daqueles para os quais nos fartamos de avisar os nossos filhos mas ninguém parece levar a sério.

 

O desaparecimento do Igor é mais um triste lembrete de como a internet constitui um viveiro para pedófilos e outros bandalhos a quem é fácil manipular as pessoas a partir de uma base de confiança virtual e, necessariamente, falível.

Nem há muito tempo correu também a notícia de uma mulher adulta violada num apartamento ao qual terá sido atraída igualmente pela net com o isco de uma falsa entrevista de emprego, o que vem consolidar o receio de que estejam de facto a desenvolver-se verdadeiros e perigosos artistas do embuste neste meio onde as ameaças e as defesas ainda travam uma luta desigual com nítida vantagem para as primeiras.

 

Torna-se imperiosa, face a este cenário, uma cautela redobrada quanto aos contactos efectuados por esta via, sobretudo quando estão em causa os mais novos a quem, como o exemplo do Igor ilustra, não bastam avisos e recomendações para entenderem os perigos como reais quando os contactos virtuais se convertem em analógicos.

 

E ficamos a torcer para que a triste história do Igor conheça um final feliz e rápido, pois nenhuma família merece viver um filme destes no seu Natal.

Ou em qualquer outra época de uma vida.

20
Dez10

CORTE E COSTURA

shark

A tesoura imaginária que corta ligações mantidas de forma precária, dez vezes mais depressa do que a mão sorrateira que tenta reparar à sua maneira os elos perdidos, muitos cortes definitivos, de forma atabalhoada, improvisando uns nós, atarefada a cortadora apressada que se acredita melhor caminho para a salvação no estranho conforto que a solidão parece prometer, talvez algum órgão vital a morrer por falta de irrigação das veias separadas pelas lâminas afiadas de uma tesoura imaginária que tenta alterar a história e prevenir a infecção recorrendo à amputação das ligações associadas a más emoções ou apenas teoricamente ameaçadoras, essas relações comprometedoras para o sossego das tesouras que reagem de forma automática a qualquer sensação menos simpática, o corte radical para separar o bem que somos do mal que os outros podem representar.

 

A tesoura imaginária a cortar, cem vezes mais depressa do que a mão piedosa que vê as coisas em tons de rosa e se esgota num esforço inglório para (re)atar alguns nós.

A ver se consegue evitar que acabemos completamente sós.

20
Dez10

BLOGOSÉRIOS A BRINCAR

shark

Tempos atrás, ainda o Pacheco Pereira não tinha definido as proporções entre o lixo e a fina flor da blogosfera, senti-me tentado a pugnar por uma distinção entre blogues a sério e blogues a brincar. E lá defendi a coisa conforme pude, deslumbrado pela clara perda de terreno de vários media relativamente a este gigantesco wikileaks potencial que afinal foi montanha que só pariu a parte choldra da coisa (o fait divers) e de novo em matéria informativa ou mesmo criativa (que saudades do artista-formerly-known-as-João Pedro da Costa), nicles.

 

Hoje, mais velho, mais sábio e mais saturado de ler blogues produzidos em part-time nas sobras de tempo fora do Facebook, vejo-me na contingência de dar (outra vez) o dito por não dito e de me deixar de elitisses palermas.

De facto existe uma blogosfera séria, tal como na Imprensa, e outra que são os tais 90% de 24 Horas de que o colega Pacheco falava. Contudo, essa blogosfera séria só o é porque não se ri, é apenas uma expressão facial virtual criada de forma artificial pelos próprios (os sérios desses blogues) e por uma pequena legião de seguidores que acrescentam a sua à promoção inter pares e conferem a única legitimidade possível a esse grupo restrito de blogues, por norma colectivos, onde vão rodando os nomes sonantes desta nossa comunidade provinciana.

 

A realidade, no entanto, desmente a dita seriedade em mais do que um aspecto. Dos ditos sérios só encontramos a pala e ideias requentadas, eventualmente adornadas com os espichos de genialidade que esperamos brote a cada dia dessa catenária que nos resta, aos blogues não sérios, seguir ao longo dos carris que tentam impor, já com uma mãozinha da Comunicação Social devidamente amestrada pela tomada de consciência da sua inércia - veja-se o exemplo da Guerra de Blogues na TVI24, como receita ganhadora para integrar essa blogosfera com futuro mais brilhante do que a outra, filha de deuses anões, mais interessada em temas frívolos da vida como ela é do que nas elaboradas conjecturas dos monstros sagrados acerca das grandes questões da humanidade e arredores.

Ou seja, a blogosfera (alegada e teimosamente) de elite é uma seca na qual a putalhada crescida vai ensaiando verborreia capaz de ombrear com a da Imprensa séria (de resto, quase decalcada) para servir de pasto mental aos bois do lado de fora do palácio que tanto podem ser os poucos que lá vão para saírem como entraram, ignorantes, como os que aproveitam a deixa postada para marrarem com os respectivos autores e produzirem sob tal pretexto as suas próprias exibições da seriedade que vai rotulando alguns blogues mais uma pequena multidão de figurinhas e de figurões que se acham iluminados mas acabam por deixar a malta às escuras com os seus raciocínios inócuos e em nada inovadores.

 

É um desgosto para mim, ruminar estes considerandos depois de os engolir a custo nas pastagens alheias onde tento, menos sério do que essas cátedras de polichinelo, beber alguma instrução básica para poder bater-me pela blogosfera como uma alternativa (séria) de divulgação de informações e de ideias que possa trazer algum progresso ao conhecimento, ao pensamento, às pessoas que ainda saem da televisão e das redes sociais para darem uma espreitadela nesta cada vez mais envelhecida expressão virtual da liberdade de expressão tão pura quanto a podemos usufruir.

 

Porém, acabo conformado com a minha condição de incapaz de aguentar a pedalada dessa blogosfera superior como a pintam.

De resto, também não há cu que a aguente...

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