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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Set10

O SUPER TIRIRICA E A INCRÍVEL MULHER MELÃO

shark

O folclore eleitoral brasileiro, a política mais colorida do mundo, pode muito bem vir a tornar-se no padrão da democracia do futuro, construída sobre as ruínas da credibilidade da classe política dita séria.

Dá gosto perceber na motivação dos candidatos a deputado federal o apelo da sociedade civil para contrariar com um sorriso o desgosto que os governantes de (quase) todo o planeta constituem para as populações que os aturam ou os elegem mas que, acima de tudo, os sustentam.

 

Como o título desta posta indica, de todas candidatas e candidatos cujos spots de campanha pudemos apreciar nas televisões portugas os meus preferidos são a dupla Tiririca/Mulher Melão. E se no primeiro aprecio sobretudo a espontaneidade devastadora de uma palhaçada assumida por contraponto à mal disfarçada que nos toca, no segundo (na segunda) os argumentos estão à vista. Já que temos que levar com tempos de antena e cartazes de rua e toda a parafernália habitual nas andanças eleitorais a figura da minha fruta preferida (sim, adoro melão) é refrescante para a vista e da validade da ideologia estamos conversados quanto à prática dos que simulam terem uma para nos impingir.

E a mulher melão até tem duas...

 

Restam-me poucas (ou nenhumas) dúvidas de que se o Ricardo Araújo Pereira se candidatasse a qualquer cargo político neste país ganhava mesmo sem o apoio de algum partido político. E quem diz o RAP diz a Fátima Lopes (a da TVI, ex-SIC) ou qualquer das figuras públicas mais próximas do coração dos portugueses fartos de votarem com a cabeça para os resultados à vista.

O Tiririca vai ser eleito deputado, tudo indica. Da Mulher Melão, a outra croma digna de uma Marvel Comics (mas na versão Vilhena), já não existem tantas certezas porque fruta daquela abunda no país irmão e porque será certamente penalizada pelo eleitorado feminino que estas coisas da... política suscitam sempre muitas invejas.

 

Claro que é fácil para mim, ou para qualquer dos ilustres analistas da blogosfera, da tv ou da cassete pirata, fazer a apologia da seriedade, do sentido de Estado, da necessidade de elegermos figuras respeitáveis (nem que seja para depois as etiquetarmos de vigaristas, incapazes, gays ou qualquer outro dos mimos com que desde Sá Carneiro - o alegado caloteiro - se rotulam todos os figurões tão sérios que vão protagonizando os cartazes de rua nas campanhas eleitorais).

Contudo, na ressaca do anúncio de mais uma machadada valente no optimismo acerca da recuperação económica que já soa como o próximo título do Sporting (é sempre pró ano), esgota-se um bocado a pachorra para os gajos sérios com fato e gravata ou mesmo sem esta última que têm contribuído de forma directa ou por omissão para o estado a que as coisas chegaram em termos de despesa pública (a tacharia das instituições inúteis e afins, por exemplo).

 

Com as coisas neste ponto, tanto no resultado prático do exercício das funções políticas como na tal credibilidade e dignidade e mais não sei o quê que os líderes devem manter (em teoria), a ideia que refiro acima de propormos um homem simples, do povo, como o nosso ex-colega Gato Fedorento, para termos pelo menos direito a uma campanha eleitoral bem humorada não soa assim tão disparatada.

 

E no fundo é como diz o Tiririca: pior do que está não fica.

27
Set10

A POSTA SECURITAS

shark

As pessoas, os outros, não cessam de me surpreender.

E raramente pela positiva.

Fazendo parte dos outros para as pessoas que me contactam, tenho a perfeita consciência de que também eu cumpro esse papel, o de oferecer surpresas menos agradáveis para quem aposta numa determinada opção da minha parte e acaba a ver-me seguir o caminho diametralmente oposto.

Se calhar é mesmo assim, sermos imprevisíveis faz parte do fascínio que representamos e se calhar outra vez sem isso não teríamos qualquer interesse ou piada.

Contudo, este cariz aleatório das nossas posições, das nossas escolhas, de quase tudo quanto nos é confiado no âmbito do livre arbítrio, acaba por tornar num pesadelo a maioria das (fracas) ligações que vamos criando uns com os outros.

 

O fascínio que acima referi é uma delícia quando podemos observar a prudente distância os cromos que viram casacas ou mudam de atitude ou mesmo de personalidade a qualquer momento e com isso alteram substancialmente os seus rumos e as imagens que vamos esboçando e que raramente correspondem à personagem.

Mas quando essas alterações súbitas se produzem demasiado perto de nós, quando estamos próximos de quem altera o nosso caminho por tabela quando lhe dá a travadinha e decide mudar o seu, a coisa perde muita da piada e o chão parece fugir-nos sob os pés de forma tão brusca e radical quanto mais nos sentimos ligados a essas pessoas.

É algo que tanto pode acontecer no contexto de uma relação amorosa como no de uma amizade aparentemente sólida e em ambos os casos provoca uma desorientação cujas sequelas acabam por surtir o mesmo efeito de uma qualquer traição.

E esse efeito é o receio instintivo de fomentar ligações, o medo do desconhecido, amplificado pelas feridas abertas na nossa percepção do outro e pela constatação de que afinal não conhecemos assim tão bem os outros e acabamos sempre por ver esses tiros no escuro transformarem-se em tiros nos pés de barro em que assentam as mais firmes convicções nesse domínio movediço que são as relações humanas.

 

Sobretudo na última meia dúzia de anos tenho sido confrontado com as mais incríveis piruetas por parte de quem vou aceitando no círculo restrito dos meus vínculos emocionais. Isso provoca em mim nada menos do que uma reacção proporcional, uma mudança brusca na minha forma de ser, de sentir, de querer os tais outros que dizem essenciais para uma vida preenchida e uma mente equilibrada mas acabam, e falo apenas de mim, por se revelar precisamente o oposto.

Aos poucos, na sucessão de ressacas, vou mesmo perdendo a vontade de abrir caminhos, de explorar o potencial das pessoas que por este ou aquele motivo, por esta ou aquela simples coincidência, entram na minha vida nos espaços deixados vazios por quem saiu.

As contas são fáceis e as entradas compensam cada vez menos as deserções, tanto pelo prisma quantitativo como qualitativo. E aí desenha-se o meu contributo, o tal receio que transforma cada nova relação num campo minado de surpresas potenciais que já não me sinto capaz de aguentar.

 

Sempre que tento contrariar esta tendência que a lógica me diz negativa mas os factos desmentem nesse pressuposto dou-me mal. E os outros também.

É quase um dado adquirido, qualquer que seja o tipo de relação, qualquer que seja o vínculo criado apenas para explodir algures debaixo dos pés de onde me foge o chão quando isso acontece.

É flixado, corrói a confiança, destrói a esperança, amputa a base de sustentação dessa vontade cada vez mais enfraquecida de tentar outra vez.

Até um simples café com alguém surge no horizonte não como o sol de um novo dia mas como o prenúncio de mais um desgosto, de apenas mais um temporal para fustigar o que resta da fé nos outros e em mim mesmo, enquanto viáveis, eu e os outros, do ponto de vista de algo mais do que uma ligação tanto quanto possível distante ou, neste espaço chamado blogosfera ou similares, puramente virtual.

 

O problema está tanto nos outros, essas caixinhas de surpresas que podem ser de pandora quando apostamos alto demais, como em cada um de nós que o somos (os outros) também. Ou nem se trata de um problema mas apenas de uma consequência real, tangível, da evolução da espécie para uma multidão de casulos individuais a abarrotar de instrumentos de comunicação que traduzem não essa necessidade instintiva mas apenas a necessidade de a fazer acontecer sem contacto directo e pessoal, à defesa como a distância parece, se não cedermos à tentação do toque, do olhar, do calor humano, garantir.

 

Todavia, seja o que for é fonte de desgostos, de desilusões, de inevitáveis trambolhões dos pedestais de papelão onde assentam as nossas expectativas relativamente ao que devemos esperar das relações que estabelecemos para lá do foro inevitável, de vizinhança ou profissional ou qualquer outro dos viveiros das tais coincidências que nos levam a descurar a prudência e a ignorar o saber de experiência feito e a (re)abrirmos de forma ingénua a outros as portas da nossa casa ou do nosso coração apenas para mais tarde instalarmos mais um conjunto de cadeados e de sistemas de protecção imaginários da nossa sensibilidade que nos tornam aos poucos em paranóicos emocionais.

 

E eu confesso que cada vez tenho maior dificuldade em encontrar as chaves ou em fixar os códigos de abertura dos meus.

26
Set10

DANTES(CO)

shark

Dantes é que era bom.

As pessoas não se tratavam umas às outras como coisas descartáveis, olhavam-se nos olhos (não havia net nem telemóveis e muita gente não tinha telefone sequer) e irradiavam calor humano suficiente para derreterem o lacre com que se firmavam amizades e amores para a vida.

 

Só é pena um gajo não fazer a mínima ideia de onde param as tais pessoas de dantes.

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