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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Out05

SUMO DE PAIXÃO

shark
a traccao.jpg
Nem era a pressa de a possuir como um possesso, de acelerar o corpo inteiro ao ritmo das batidas do coração que ela alimentava. Queria, isso sim, colar-se de novo à sua pele. Percorria-lhe os contornos com o olhar que desviava ocasionalmente da televisão. E ela fascinante, com um copo na mão, transparente, que distorcia a visão de uma pequena parte de si mas não a escondia. Queria apenas aproximar-se de novo e retomar o que haviam interrompido umas horas de sono e um sumo bebido, sorriso nos lábios e olhos marotos, daquele copo vazio cujo rebordo ela acariciava com as pontas dos dedos.

Já os dele a tocavam, arrepiada, sentia-se desejada e espelhava-o com malícia no brilho dos seus olhos azuis. Não era a pressa e ele assim o provava, buscando no corpo em brasa os pontos mais sensíveis da pele que o fazia vibrar. Com a boca também, com as mãos e com os pés, calor partilhado um pouco por todo o lado pelo resto de si. No rosto a adoração, nariz enfiado nos cabelos doirados pelos raios de sol que despontava, enebriado pelo cheiro que aprendera a amar.
E ela sabia. Encorajava-o com os sons que libertava, na exacta proporção da loucura que se apropriava dela aos poucos, na exacta medida da sua tesão.

Saborearam com calma cada instante daquela fusão, corpos sem segredos nem medos por ultrapassar. Tudo valia, com regras definidas a dois, na intimidade construída pelas palavras e cimentada pelas acções. E era sólida nas fundações.
De concreto o respeito, de mel o beijo no peito que ele lhe dedicou no final de uma viagem espacial em que ambos embarcaram, em simultâneo, antes de na cozinha se espremerem mais laranjas para encher de novo o copo vazio que entretanto rebolara pelo chão e ela apanhou outra vez...


Posta-resposta ao mais recente desafio que a Hipatia lançou.
27
Out05

TALVEZ AMANHÃ

shark
contra.jpg
Na minha secretária um decreto-lei. Mais uma obrigação que o Estado descartou. O Estado é aquele organismo medonho ao qual sustentamos os vícios para que, em contrapartida, a máquina faça a gestão do pecúlio comum e vá fazendo avançar o país. Um pouco como acontece com a administração do nosso condomínio, embora esta execute o seu trabalho sem direito a uma retribuição.
O problema é que a administração do condomínio não pode "deixar cair" as obrigações que lhe competem. Parquímetros a cumprirem o papel dos polícias, clínicas privadas a cumprirem o papel dos hospitais, companhias de seguros a cumprirem o papel da segurança social e toda a gente a tentar exercer a Justiça em nome dos tribunais. É esta a realidade que o decreto-lei na minha secretária traduz. O Estado que nos representa, essa realidade que se criou para cuidar de nós, é afinal o primeiro dos nossos problemas. E cada vez aceita menos responsabilidades em troca do dinheiro que lhe confiamos para gerir, resultados expressos nos orçamentos anuais que disfarçam a falência técnica de toda uma Nação.

Parece uma realidade distante, essa estrutura pesada por nós paga para nos servir. Mas os dramas que nos afligem têm cada vez mais um bode expiatório que ninguém consegue punir. A culpa é do Governo, seja ele qual for. Nunca é nossa, os que pagam nos impostos as mordomias de quem não se abnega em prol do seu país. Senhor do seu nariz, o aparelho burocrático apropria-se dos nossos bens sempre que falha o retorno na colecta ou embica para um rumo que nos atravessa o terreno de sonho em troca de uma indemnização absurda.
Autista, oferece-nos formulários para que expressemos a nossa indignação. Ou encaminha-nos para as urnas, onde a vulnerabilidade da Democracia perante os medíocres nos prepara o funeral. Mais uma desilusão, feita de promessas adiadas, medidas contestadas e uns metros acrescentados no fundo do buracão. Anos a fio, como se o assunto não nos diga respeito, perpetuam-se os mesmos nas rédeas da situação.

Na minha secretária, um conjunto de papéis que me esfregam nas ventas a urgência de uma nova revolução. Mentalidades alteradas, ideologias repescadas e o fim da apatia. Mas hoje não é o dia, refugio-me no trabalho que tenho por fazer.

E lá fora não pára de chover.
26
Out05

VALEU A PENA!

shark
luminosa.JPGFoto: sharkinho
Hoje tive uma das maiores alegrias dos últimos tempos. Pude pela primeira vez olhar para o rosto dela, uma menina. A quem ajudaremos de forma decisiva a obter um presente melhor e um futuro em condições. E já aguardamos notícias do próximo, um rapaz.

Hoje consegui sentir que o dia valeu a pena.
25
Out05

A POSTA NO PRINCÍPIO

shark
Jorge Manuel.JPG
Assumo que a mais forte motivação que me agarrou à blogosfera foi precisamente o facto de ter ao meu alcance pessoas em condições, que eu podia avaliar pelas palavras e pelas criações antes de somar mais desgostos aos que a vida já me deu.
O meu blogue é o meu diário e o anonimato que adoptei equivale, como já referi algures, ao cadeado que o protege de olhares indiscretos e de gente mal intencionada. Ontem, em clima de novela mexicana que traduz a minha vida tal como ela tem sido, o cadeado deixou de existir.

A quente, surpreendido pelo enxovalho público a que me submeteram, entreguei ontem os pontos a quem pretendia fazer-me mal silenciando-me pela calúnia. De cabeça fria, e depois de ler as opiniões de quem me comenta (os amigos que agora me orgulho de ter a meu lado), retive o conceito referido pelo Soslayo: quem não deve não teme. E é o caso, pois tudo o que afirmo neste espaço tem meios de se comprovar.
Chamo-me Jorge Manuel e só não refiro o apelido porque o reneguei dias atrás por motivos que, a meu ver, ontem ficaram esclarecidos. Somando este dado aos que agora conhecem, é fácil descobrir quem sou por detrás do nick que me identifica neste meio.

Isso abre as portas à única defesa que me resta contra as calúnias que me possam ser dirigidas. Porque quem quiser pode agora verificar in loco o que valho afinal e qual a reputação de quem tentou denegrir-me. Nada tenho a esconder e multiplicam-se neste espaço as revelações que me denunciam imperfeito, como qualquer um de vós.
Um ano de blogosfera e de relações extra-virtuais com dezenas de pessoas que blogam falam por mim. Uma vida inteira sem nada que me obrigue a virar a cara para o outro lado, quem quer que se cruze no meu caminho, complementa essa informação que vos forneci ao longo destes meses de Charquinho.

De resto, diversas aparições públicas deram-me a conhecer pessoalmente à maioria dos(as) que me acompanham. Não sou tão anónimo quanto isso e respondo pelas minhas fraquezas e imperfeições. Mas respondo pelo resto também, pelas coisas de que me posso orgulhar. E isso confere-me o direito de blogar (de falar) sem medo, sem ceder à tentativa vil de me limitar a liberdade de expressão (uma ironia...).

Decidi estragar a festa a quem agiu com o nítido objectivo de me silenciar, de evitar verdades incómodas. Estas últimas, admito-o, não as contarei. De resto, retirei do blogue a posta que serviu de pretexto para me vilipendiarem na praça pública. Para poupar os visados à crueza de um desabafo que não teria coragem, ou sacanice, para lhes dirigir. Em nada mudo a opinião que lá expressei e até fiquei mais convicto das minhas razões, mas nunca seria capaz de os expor desta forma sem eu próprio estar salvaguardado da identificação que os pudesse tornar visíveis por inerência.
Não voltarei por isso a falar de mim no que envolva terceiros. Pelo menos neste espaço, sob esta capa agora transparente que me cobria. Porque não pretendo servir-me deste meio ou de outros para atacar seja quem for. Já o afirmei.
E não receio (mais) represálias por não ter rabos de palha.

Sou aquilo que escrevo aqui, certo ou errado, bem ou mal pensado, mas sempre fiel à verdade como a interpreto ou interpretei. Não tenho o monopólio da razão, insisto, mas tenho o direito de manifestar a minha visão do que me rodeia. Desse não abdico, mesmo à mercê de quem queira aproveitar-se da minha exposição para os seus ajustes de contas. Estou cá para os receber, dêem a cara também.
Na blogosfera ou fora dela, agora que é fácil encontrarem-me no sítio de onde nunca precisei de fugir.
24
Out05

A POSTA NO FIM

shark
Nem sei quantos de vocês receberam um email ou uma entrada na caixa de comentários do vosso blogue a meu respeito, mas pouco me importa nesta altura. Essa mensagem foi enviada por alguém da minha família, a única pessoa que conhecia a minha identidade, indignada pela denúncia (até hoje) anónima dos meus progenitores numa posta a que chamei Cordão Umbilical. E essa indignação deriva sobretudo do motivo que mais me afastou do que apelidei de corja e na qual ela, como a atitude em causa ilustra, sempre se integrou na perfeição. Quem me conhece já sabe porquê e de quem se trata.

Por isso não lavarei aqui a dita roupa suja, sobretudo agora que a estupidez de quem reagiu com medo que eu lhe expusesse as vergonhas acabou com o anonimato que, afinal, até protegia os interesses dos visados e dela própria (também descrita neste blogue). Não prima pela inteligência, como a sua existência parasitária comprova, essa pessoa que agora se juntou ao rol dos defuntos na minha agenda...

Claro que poderia aqui defender a minha posição e exibir as provas necessárias, mas isso é irrelevante. Não é o conteúdo da mensagem que me preocupa mas apenas a questão do anonimato que assim me impede de blogar neste espaço e sob o nick que adoptei. Porque esse anonimato protegia as pessoas de carne e osso que descrevi nas minhas postas e não passariam de desabafos inócuos se esta reacção de defesa patrimonial não acontecesse. E para facilmente entenderem o calibre de quem me caluniou, pessoa mesmo muito chegada, reparem no facto de ter escolhido o dia do aniversário da minha filha para executar mais uma das suas traições.
Ainda que duvidem da essência do meu carácter, capaz de suscitar tal atitude da parte de uma ex-familiar, julgo que entenderão porque reneguei os meus laços a tal clã. A pessoa que me pregou esta partida é a pessoa mais querida da minha filha.

Pouco mais há a acrescentar perante os factos em apreço. Resta-me despedir-me de todos quantos acompanharam este charco, deixando ao critério de quem já me conhece o futuro da nossa relação.
Ficará aqui o testemunho que cedo ou tarde vos levará à autora desta infâmia, nas postas que escrevi ou nos textos que ela assina (numa banca perto de si).
Deixo também o alerta que o meu exemplo pode ilustrar: nem aos mais próximos podemos confiar a nossa identidade blogueira...

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