A posta nas ideias brilhantes e nas fontes luminosas
Recebi, entre uns quantos forwards, um email (sem autoria identificada) com o sugestivo título de Aos poucos tudo se sabe a informar que o líder do PS, António José Seguro, e passo a citar, foi um dos professores (da Universidade Lusófona) que ASSINOU a Licenciatura do dr. Miguel Relvas.
Costumo ignorar este tipo de mensagens sem proveniência clara mas esta prendeu a minha atenção, acima de tudo pelo facto de me cheirar a esturro em matéria de motivações.
Decidi então averiguar a proveniência dessa “notícia”, ou pelo menos a respectiva fonte de inspiração ou de “legitimação”. Segui-lhe o rasto e depois foi fácil dar com o resto.
Isto é um blogue. Nos termos da liberdade de expressão que tanto valorizo, e acautelando a hipótese de uma acusação por difamação ou por violação do direito de autor, posso publicar o que me der na telha. Suspeitas, teorias da conspiração, tudo me é permitido porque não tenho obrigações éticas ou legais nem mesmo qualquer compromisso com a verdade dos factos porque isto não é um órgão de Comunicação Social.
O meu grau de responsabilidade é por isso diminuto e essa realidade aplica-se também aos blogues ditos sérios ou de referência, embora a exigência de credibilidade aumente nas expectativas dos leitores.
Contudo, ao encontrar a fonte primária da informação não acreditei que proviesse dali a “legitimação” para o tal email e isto precisamente porque as páginas pessoais do Facebook têm um estatuto semelhante aos blogues enquanto fontes fidedignas de informação. Os boatos, nomeadamente os que podem fazer a diferença em matérias relevantes, carecem sempre de algum tipo de fundamento (por exemplo, a lógica do só ouvi dizer mas foi da boca de alguém acima de qualquer suspeita) e o deste email em concreto encontrei-o aqui, num jornal dito sério e de referência.
As fontes mais seguras para meter água
Sou do tempo em que os chefes de redacção davam uma vista de olhos em tudo o que havia por publicar, precisamente para garantirem a credibilidade da publicação cujo compromisso com a verdade andava sempre braços dados com a responsabilidade inerente à divulgação (e consequente amplificação) de quaisquer factos.
Era essa a diferença entre um jornal e um pasquim e deveria ser nesta altura a distinção entre um periódico de expansão nacional e um blogue como o meu.
Porém, o jovem cronista citou algo que encontrou na net sem verificar a respectiva autenticidade. Na prática ouviu dizer e bastou-lhe a credibilidade do suposto estatuto de professor universitário do cidadão que lançou a atoarda no seu espaço virtual para o considerar digno de citação num jornal e sem que alguém tivesse, espero que apenas por incúria, forçado a verificação de autenticidade da informação ali contida.
A partir daí, e porque um jornal ainda é uma coisa séria, a “notícia” começou a espalhar-se pela blogosfera, tanto nos posts ingénuos ou mal intencionados como nas caixas de comentários (com recurso ao decalque do email que dá origem a este lençol) e a mentira repetida começou a ganhar contornos de verdade insofismável.
O boato ganhou pernas para andar e não faltarão interessados em vê-lo correr a galope pelo terreno fértil da difamação da classe política tão do agrado popular e mesmo, veja-se o exemplo de Sócrates gatuno, corrupto, gay e mais uma data de verdades forjadas que nem a Justiça conseguiu confirmar, dos interesses político-partidários mais obscuros.
Uma verdade inconveniente?
Agora vamos aos factos e arrumemos a questão:
António José Seguro, um fulano que não aprecio e no qual jamais votarei, nunca frequentou a Universidade Lusófona como aluno ou como professor, mas sim a Universidade Autónoma. E mesmo nesta não pertencia ao Conselho Científico pelo que nem ali poderia assinar licenciaturas seja a quem for.
Isto é um blogue e eu não sou jornalista, não tenho qualquer dever de apurar factos com rigor e de os descrever com imparcialidade e isenção.
Mas bastaram-me dois telefonemas para validar esta informação.