A POSTA LIBERTADORA
Um dos exemplos mais flagrantes da falta de esperteza que assumi mais abaixo, e perdoem-me mais esta incursão pelo delírio umbiguista, é a forma como sou incapaz de ignorar as desconsiderações por parte de quem de alguma forma sinto ou senti como próximo/a. E o maior indicador da ausência de esperteza é o facto de existir um ponto em comum entre as pessoas a quem atribuo essa negligência que sinto hostil: o de não merecerem, de todo e por diversas razões que não devem ser confundidas com algum tipo de culpa, tamanha relevância na minha estrutura emocional.
Mas o indicador ainda mais óbvio é o de constatar que eu próprio incorro em manifestações da mesma desconsideração para com pessoas que não merecem, de todo e por diversas razões que não devem ser confundidas com algum tipo de obrigação da minha parte, tamanha exibição de um afastamento que eu sei, porque o penso e porque o sinto, ser meramente artificial.
Talvez neste estranho paradoxo, e com imensa boa vontade aplicada a um raciocínio relativamente simples e perfeitamente defensável, se consiga encontrar apenas mais uma evidência do equilíbrio que a vida parece exímia em impor a tudo o que a faz.