A POSTA QUE ESTA POSTA SE VALIDA POR SI
A inteligência, esse alegado atributo, sempre foi um factor sobrevalorizado sobretudo quando aplicado a cidadãos comuns. Se em teoria o reconhecimento da inteligência de alguém constitui um factor de orgulho, na prática o mundo é dos espertos e aos inteligentes, a maioria deles/as, resta pouco mais do que o consolo da vaidade pois o esquema das coisas acaba por privilegiar a maior aptidão para puxar a brasa à própria sardinha ou à das pessoas que interessam (na óptica pragmática da questão).
Temos em Portugal dois Prémios Nobel e de um deles a maioria nem sabe o nome, sendo precisamente aquele que se distinguiu mais pela inteligência o que menos brilhou à beira do outro, a quem o talento catapultou para o reconhecimento a nível mundial.
Qualquer desses dois inteligentes jamais auferiu fama ou proveito comparáveis com a de outra dupla de portugueses, Figo e Cristiano Ronaldo, habilidosos na prática de um desporto mas que na prática nunca ganharam seja o que for pelo seu país.
E podia construir uma posta interminável se insistisse neste tipo de comparações que provam o quanto a inteligência de pouco vale a quem não tiver a esperteza para a aplicar ou um jeito especial para as coisas que o povo, qualquer povo, verdadeiramente aprecia.
A verdade dos factos diz-nos que a inteligência pouco mais angaria do que inveja por parte de quem percebe não a possuir. Poucos domínios da actividade humana reconhecem a inteligência como valiosa e mesmo na realidade dessas áreas são os inteligentes mais hábeis ou espertos a lograrem o maior reconhecimento e as melhores contrapartidas.
De resto, e personalizando a questão (que é para isso que um blogue também serve), sou um homem com 45 anos de idade a quem ao longo da vida chamaram muitas vezes inteligente, que bom que bom, mas enquanto ao meu QI com três algarismos corresponde uma licenciatura por acabar, uma situação profissional e financeira paupérrima e uma manifesta inépcia em lidar com os outros (os que fazem acontecer) que se traduz num fracasso global que a merda da inteligência só serve para definir com contornos ainda mais nítidos e, por inerência, mais cruéis, pessoas muito próximas a quem ninguém valorizou pela inteligência foram espertas o suficiente para agarrarem as oportunidades (ou criarem-nas) para manterem um nível de vida bem mais elevado e confortável do que o meu. Conseguem até sucessos que no meu percurso nunca pude contabilizar.
É a verdade dos factos e confirma tudo o que tenho estado a dizer.
Aliás, quase sete anos investidos neste e noutros blogues, talento que ninguém pode negar e inteligência que me esforço por aplicar, resultaram apenas em perda financeira (o mesmo tempo e energia investidos em algo de compensador teria sido mais esperto) e rigorosamente nada de bom em concreto trouxeram à minha vida e à de quem me compete sustentar.
A inteligência, essa pérola, acaba por ter a mesma utilidade de um rolo de papel higiénico ou ainda menor pois recolhe-se um dividendo prático e imediato da utilização do papel mas no caso da inteligência (e da sua eterna aliada lucidez) a merda não só não se limpa como acaba por se acrescentar, como acontece quase sempre a quem pensa demais e não tem a esperteza necessária sequer para saber direccionar de forma compensadora e minimamente lucrativa o esforço intelectual.
É que as ostras uma pessoa ainda pode comê-las, mas as pérolas têm o valor nutritivo que se sabe…
Na realidade do mundo a inteligência, salvo raras excepções, é uma vantagem competitiva tão nula quanto a de uma medalha atribuída a um soldado. Pode-se exibi-la com orgulho, mas sem uma boa dose de esperteza nunca implicará algum tipo de promoção.