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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

06
Dez10

A POSTA QUE FOI BOM PARA TI TAMBÉM

shark

Uma amiga arranjava o espaço, eu e um parceiro tratávamos da instalação eléctrica. Bola de espelhos, sequencial, psicadélicas, sirene e, last but not least, uma lâmpada de luz negra que foi um achado pessoal.

Era isso mais o som, sempre um problema, e as mães das amigas, ossos duros de roer.

Mas depois de instalada a festa no espaço, uma sala vazia antes e depois de horas bem vividas, tudo ganhava magia e em pouco tempo, mesmo sem abusar da cerveja, o grupo adolescente isolava-se do resto do mundo num tempo que era só nosso e onde (quase) tudo podia acontecer e ninguém permitia que acontecesse mal algum.


O respeito impunha-se pela amizade que nascia e crescia sem abalos de monta, mesmo os mais atrevidos lá fora adoptavam a prudência como conselheira e avançavam com pezinhos de lã, às vezes resultava e outras vezes ficavam a ver a sorte dos outros quando abriam os olhos a meio de um slow. Sem invejas ou ciumes, os sentimentos de posse não faziam sentido num tempo em que acordávamos acelerados com medo que o dia não bastasse para tudo quanto nos apetecia viver e vivíamos a correr, em busca do pretexto seguinte para aprendermos a ser crescidos, primeiro uns beijos na boca, depois as mãos à solta pelas peles ansiosas de sensações, mas ainda imunes a todos os estragos que depois descobrimos isso acabaria por implicar.

E depois a vida a impor outros caminhos, outros interesses que prenunciavam o surgimento das obrigações inerentes a quem já podia tirar a carta de condução. E depois a vida a tornar menos simples as emoções, a complicar quase tudo aquilo que nos parecia eterno ao som dos Ramones ou das sequências intermináveis de música para dançarmos encostados, para ficarmos emparelhados com a nossa aposta para a ocasião.

Às vezes sim e outras vezes não. Mas sem embaraços ou arrependimentos, sem tristezas ou mais do que ligeiras desilusões, equívocos que sorvíamos por entre o brilho especial de um olhar que não queria afinal dizer atracção mas apenas a vontade de prender a atenção de alguém, de conversar as coisas já feitas e as muitas mais que havia por fazer.

Sem outro sentimento que não aquela proximidade que nos arrastava cidade fora ou mesmo aos arredores para sermos meninas e meninos na fronteira que delimitava uma época de transição, à procura dos nossos limites, de glórias, de anseios, de desejo, de carinho, de sinais que desmentissem o medo de que a borbulha nascida com a manhã não nos tornasse ainda mais feios e desinteressantes do que nos sentíamos quando o corpo parecia desorientado, sem saber como crescer, e os pelos pioneiros da barba tão temida quanto ansiada brotavam na cara como outros cobriam aos poucos as zonas mais privadas que aquele tempo abria ao nosso apelo explorador a surgir.

O sexo apetecido e (a promessa d)o amor a seguir, na bebedeira da emoção.

 

Às vezes sim e outras vezes não.

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