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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Out10

IRÃO, THE FINAL FRONTIER

shark

Estava eu entretido a escrever a posta de hoje para o Oitavo Dia quando, numa associação de ideias típica de uma mente alucinada, me ocorreu que ao longo da História da Humanidade sempre existiram grandes nações, impérios, civilizações poderosas que acabaram por sucumbir às mãos de outros gigantes adormecidos que entretanto despontaram para lhes fazer a folha.

 

Este saber de experiência feito acabou sempre por incutir naqueles que algures no tempo dominaram o mundo um medo visceral do papão potencial capaz de destruir o seu poderio e virar mais uma página do livro nesta imensa sucessão de ciclos de ascensão e queda. Foi assim que depois de eliminado do mapa o III Reich os norte-americanos e seus aliados ocidentais centraram a sua atenção na ameaça soviética, dando origem a uma psicose colectiva que nos anos sessenta quase despoletou o derradeiro sururu, quando os vilões da maioria dos filmes do 007 se viram bloqueados na intenção de instalarem uns mísseis pela surra em território cubano.

Estaline e seus sucessores ocuparam durante décadas o imaginário de milhões na pele de maus da fita até finalmente cair um muro em Berlim que lhes denunciou a decadência enquanto potenciais invasores, enquanto eventuais destruidores dos que se instalaram no trono de maiores do nosso grande bairro.

 

A maior potência mundial, sem concorrência à altura, começou então a centrar a preocupação na emergente ameaça amarela que, pelo menos em quantidade, se desenhava a oriente como um candidato à sucessão (até estava a jeito, pois herdava o estigma soviético do regime comunista que, para um ocidental comum, constituía um perigo latente por inerência).

Porém, em vez de invadirem a Formosa (Taiwan, para a malta amiga), os chineses surpreenderam os americanos com um boom económico que os apanhou na pior altura, em plena crise, mas de imediato os tornou menos maus aos olhos dos de cá porque afinal até gostam de pilim e não desdenham um McMenu ou outras mordomias de gente endinheirada.

E ficaram de novo as potências ocidentais sem um adversário a quem pudessem confiar o estatuto de glutão malvado capaz de atacar sem aviso e por isso excelente enquanto pretexto para justificar colossais investimentos de índole militar que uns malucos capazes de se mandarem contra edifícios a bordo de aeronaves acabaram por assumir.

 

Contudo, e isto na perspectiva de quem precisa de alimentar o receio colectivo por uma data de razões, nomeadamente para inspirar a indústria cinematográfica, a ameaça terrorista pecava por escassa na percepção de quem historicamente se habituou a grandes e sangrentas batalhas contra poderosos (e por norma numerosos) exércitos. O terror islâmico acabaria por perder parte do glamour quando o estraga prazeres do politicamente correcto cingiu as hordas bárbaras de bombistas a uma ínfima parte do mundo muçulmano e a superprodução do choque de civilizações ficou reduzida a cenário dantesco fantasioso em guiões para películas de segunda categoria.

Hollywood, o sítio onde habitualmente se ilustram os medos ocidentais (a par com Washington), viu-se sem um inimigo em condições e redescobriu então a ameaça extraterrestre. Para além de vampiros, de cyborgs e de computadores maléficos que ganhavam vida própria, medonhas criaturas alienígenas com nomes impronunciáveis como Qtar Prokop ou similar passaram a corporizar os invasores capazes de darem a volta aos derradeiros bastiões de protecção do que também (ainda) é o nosso confortável e abastado modo de vida.

 

E foi nesse contexto que surgiu em cena um tal de Ahmadinejad.

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