NÃO NOS OBRIGUES A IR PARA A RUA GRITAR
Avança sem medo para o exílio, para o degredo, a que te condenem alegadamente por traíres a Pátria que sentires atraiçoada e pretendas defendida em nome dos que a construíram e daqueles que a irão usufruir.
E depois, mais tarde, regressa. Sem medo, sem pressa, para pegares de novo nas armas de que dispões para combateres os cabrões que a destroem, que a corroem com a sua infestação, a praga sem perdão que a estraga, cada umbigo um sorvedouro, um buraco negro onde desaparece o maior tesouro que uma Pátria nos pode oferecer, o amor que lhe é devido.
Regressa e arrasta um amigo para poderes combater na tua terra a canalha, defende quem a estima, quem trabalha para a ver crescer, gente que espera o teu grito para avançar para uma luta sem tréguas que deixe os parasitas a léguas dos centros decisores.
Reúne os melhores e apela à sua consciência do que está a acontecer pela preguiça, o país a perecer em lenta agonia às mãos de quem dele se servia no passado e insiste em preparar o caminho para cúmplices e aliados, um ninho de ratos emparceirados para a rapina silenciosa por parte de uma elite habilidosa que se instala como um vírus, aos poucos, numa cada vez mais descarada apropriação individual de um bem que é comum.
Nada temas, ameaças, pois tudo aquilo que faças em nome da Nação será símbolo da coragem necessária para a preservar, salva o que conseguires salvar e corta o passo aos oportunistas, a Lei blindada aos seus truques, artistas, e gente de bem a fiscalizar-lhes cada acto ou omissão.
Arrasa-lhes a tentação com pulso de ferro, democracia musculada, na defesa de uma Pátria que queremos resguardada de vigaristas e de ladrões.
Depois pugna para a tornares grande entre as Nações como antes de ti outros fizeram e os seus descendentes quase esqueceram, decadentes, ao longo de tempo perdido que já é tempo demais.
Avança sem medo, intocável, com a tua vontade indomável de purgar o sistema dos podres instalados, dos feudos alimentados pelo compadrio que alastra como uma nódoa que todos tentam esconder e por isso calam o que lhes é dado a ver e baixam a guarda do orgulho por troca com a vergonhosa rendição ao que apelidam de ambição e não passa de ganância sem pudor.
Alimenta a tua força com o amor a uma realidade secular, a Pátria que te procura sem parar por entre o fumo, o nevoeiro, do incêndio que lavra no coração dos que ainda recusam a conspurcação por parte do polvo hediondo que fixa ventosas que vão sugando a energia do país e se aproveita da letargia de quem só diz não haver nada a fazer.
Ataca-os onde mais lhes doer com a couraça da dignidade e da justiça liminar. A honra e uma imensa vontade de restaurar um poder isento de mácula, sem medíocres, confiado por escolha do povo a quem se prove digno de o merecer.
Pega nas armas que a razão te confere e elimina um a um os problemas criados pela erva daninha, a coisa que não é tua nem minha mas é nossa que do todo fazemos parte, a Pátria que enfrenta a morte certa às mãos de traidores que transcendem os ditadores no abuso e se camuflam por detrás de um regime confuso pelas suas manhas de bastidores, as suas mentiras, conspiradores, que se infiltram pelas brechas criadas pela fragilidade que só aos próprios convém.
Reúne o povo que hoje se abstém e luta por Portugal nos campos de batalha modernos, sem medo.
E se tiveres que enfrentar o degredo conta com um exército civil, cidadãos, para te oferecerem as suas mãos limpas de traições como as devemos entender, os esquemas, as burlas, tudo aquilo que faz sangrar a Nação que vemos de rastos no chão pisada por gente de dentro e de fora, o lixo que é nosso dever limpar.
E o momento certo é agora. Ou já nada restará para salvar.