Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

15
Dez05

A POSTA NA SURPRESA AGRADÁVEL

shark
surprise.jpg

As pessoas, nós todos, são capazes das coisas mais surpreendentes (aliás, a vida é cheia de surpresas). Não há dados adquiridos no que respeita ao comportamento humano, no melhor como no pior, sendo cada vez menos pertinente a expressão contrasenso.
De maus exemplos está o mundo cheio e basta reparar nos telejornais para deles tomar consciência, caso não sejamos nós os protagonistas - considerando as bizarrias que despontam nas parangonas, envolvendo cidadãos aparentemente "normais".
A normalidade, digo eu, é a loucura reflectida no dia-a-dia de cada um de nós, a exteriorização dessa estranha "felicidade" que meio planeta nos inveja (e com alguma razão, embora seja evidente o desperdício ocidental nessa matéria).

Mas também surpreendemos pela positiva. E hoje, inspirado na troca de comentários entre mim e o Zé Quintas duas postas abaixo, decidi falar de duas surpresas de que dei conta e que me baralham no pessimismo que algures adoptei como regra em vez de prudente excepção.
Começo pelo comentário do meu antigo sócio na Casa de Alterne.

O fim da parceria entre mim e o homem que recrutei da caixa de comentários do Chez Maria para o "lançar às feras" na pele de blogueiro-autor aconteceu para mim de uma forma súbita, fortuita e inesperada. Um acidente, portanto. E nunca cheguei a entender o cerne da questão, embora desconfie que me caibam as culpas no cartório.
Certo é que esse processo de ruptura nos afastou de alguma forma.
Contudo, e como poderão constatar se tiverem paciência para ler o comentário mais longo que já escrevi, recebi do Quintas (o homem que fala montes de absolutamente de sexo, de crime e de outras barbaridades) uma intervenção com a qual não contava. Pelo tom, pela forma, pela surpresa de ver uma das pessoas a quem, tudo indica, desiludi (e vice-versa) esmerar-se por me contrariar a deserção anunciada.

É tão fácil deixar cair as pessoas neste meio... Basta o silêncio prolongado, a ausência de um contacto que constitui (como lá fora) a essência de qualquer ligação digna desse nome. E foi essa ligação que o José Quintas reactivou à bruta, provando-me errado numa data de conclusões a seu (a meu) respeito e, acima de tudo, revelando um conhecimento de causa que me partiu todo pois prova que o silêncio do Zé não implica o seu afastamento deste blogue (e da minha pessoa, por inerência).
Por tudo isso e porque sim, reabro as caixas de comentários (exceptuando a de alguma posta mais privada) até ao último suspiro do charco.
Tens toda a razão, rapaz.

O outro exemplo chega-me de um país distante chamado Butão. Nesta minúscula nação dos Himalaias, onde o progresso ainda não conseguiu impor-se com a mesma determinação com que nos inferniza, reina desde o início do século passado a família de Jigme Singye Wangchuck. E desde há 31 anos é ele quem ostenta o ceptro, a coroa e o poder efectivo no país.
Dificilmente um cinquentão com um nome tão esquisito e com residência no cu do mundo seria digno de menção neste blogue, mesmo sendo o líder de um povo qualquer.
Então, porque reúno o Zé Quintas e Sua Majestade El-Rei da Conchichina nesta posta?

Pelo efeito surpresa. Dom Jigme (na minha ignorância plebeia, julgo que qualquer rei tem o Dom), contemporâneo dos Saddam Husseins desta nova (des)ordem mundial que são corridos do poder a pontapé e à morteirada, anda pelo reino a fazer campanha... pela sua destituição do cargo!
É verdade. Sua Alteza, e não estou a ironizar, defende o fim da monarquia na terra onde reina sem contestação. Mais ainda, a população nem quer ouvir falar de tal coisa...
E a coisa explica-se pelo discurso do Rei a propósito do seu intento: "Nos tempos vindouros, se a população tiver sorte, o herdeiro do trono pode vir a revelar-se uma pessoa dedicada e capaz. Por outro lado, esse herdeiro pode ser um medíocre ou mesmo um incapaz". Assim, sem merdas.

Não pude reprimir a imagem do nosso Dom Duarte de Bragança, na minha reacção instintiva de republicano filisteu. A argumentação do monarca que defende a democracia parlamentar é, a meu ver, a mais simples explicação para o fim natural desse regime arcaico e sem qualquer viabilidade teórica ou prática. E não me venham com os exemplos de sucesso, como o Reino Unido ou a nossa vizinha Espanha, pois não é desse tipo de regência paparazzi que estou a falar.
Estou a falar do poder absoluto, concentrado nas mãos de uma pessoa, qualquer pessoa, só porque nasceu com o pedigree adequado, com o cu virado para o melhor lado ou porque numa terra de cegos quem tem um olho ou é um general influente ou apenas tem veia ditatorial é "rei".
E é desse tipo de poder que um homem digno da maior admiração se propõe abdicar, contra a vontade do seu povo. Apenas porque acredita ser o melhor para o futuro da nação.

Eu votava num homem assim para líder do meu país. Em havendo essa opção, ou uma (pelo menos) vagamente parecida.
E no Jota também, se ele não fosse um anarca tão despudorado...

7 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO